Transição poderia ter sido menos brusca
Numa pequena área de dois alqueires, em Jaguapitã, o ex-coordenador regional de projetos da Emater, Ildefonso Hass, agora está preocupado com sua pequena área de café e hidroponia, que toca junto com o filho. Nada mais natural para quem viveu grande parte de sua vida atento às terras de outros produtores do Estado. O profissional, que também aderiu ao PDV da empresa recentemente, veio de Porto Alegre em 1973 e rodou o Paraná com a instituição em diversas ações ao longo dos últimos 45 anos.
Ele iniciou justamente em Jaguapitã. Dois anos depois foi para um projeto de pecuária de corte em Paranavaí. Assumiu a coordenação de agricultura em Umuarama, em 1979. Depois, passou por Cornélio, Toledo, Curitiba, até que em 1991 se fixou definitivamente em Londrina. “Foram muitas mudanças no agronegócio de lá para cá e é até difícil avaliar o que foi positivo ou negativo. Houve uma evolução muito grande na mecanização e depois, com muita dificuldade, a implantação do plantio direto, que gerou um avanço grande no trabalho de preservação de solos.”
Ele também cita a participação que seu grupo teve para a utilização de defensivos de forma um pouco mais consciente no Estado. “Na década de 1970, houve um crescimento do uso de insumo, nas lavouras de café começou a utilização de adubos químicos e defensivos, havia uma campanha de fomento (dos produtos) para controle de praga. Aconteceu também uma expansão do mercado de agrotóxicos e se trabalha contra isso até hoje com dificuldades. O mercado é muito grande e os produtores são levados a utilizá-los indiscriminadamente.”
Para Hass, é difícil avaliar como os projetos caminharão a partir de agora com a saída de tantos colegas. Ele cita que em algumas especialidades, como fruticultura e horticultura, talvez tenham um pouco mais de dificuldade de seguir o trabalho neste momento de transição, até que os novos profissionais se encaixem no andamento dos trabalhos que acontecem há anos. “Mas no trabalho de grãos, de forma geral, acredito que temos um grupo sólido de pessoas que permaneceram, inclusive com novas iniciativas, para a continuidade das próximas safras. Alguns deles, inclusive, estão com um contato direto com a pesquisa e assim podem dar continuidade às ações.”
Mesmo assim, quando questionado sobre a possibilidade de retorno através de algum projeto de extensão voluntária, como acontece no Iapar, Hass não titubeou em confirmar o interesse. “Se isso fosse possível, dentro de horários flexíveis, podemos continuar a atividade. Alguns dias por semana, seria bem interessante”, avalia.
Para ele, esse formato – se bem organizado – seria ideal numa espécie de consultoria, mais pontual, como uma forma de contribuição, e sem assumir a liderança de nenhum projeto. “Seria uma transição mais programada, da forma que imaginávamos que iriar acontecer. Já discutíamos o PDV há anos e (a ideia) era um tempo para atividades mais pontuais, de apoio, para se ausentar com maior tranquilidade. Isso não aconteceu e agora tem que haver um esforço da empresa para recuperar isso aí.”