Folha de Londrina

SUSTENTABI­LIDADE

Operadoras apostam em aproveitam­ento de estruturas e na geração de energia limpa para atenuar impactos ao meio ambiente

- Mie Francine Chiba Reportagem Local

Operadoras de telefonia apostam em aproveitam­ento de estruturas e na geração de energia limpa para minimizar impactos ao meio ambiente

Com o cresciment­o no uso de serviços de telefonia móvel, cresce também a responsabi­lidade das empresas do setor sobre o impacto ao meio ambiente. O consumo de energia e a infraestru­tura das operadoras de telefonia se expandem à medida que aumenta a sua atuação dentro do País. A necessidad­e de renovação da infraestru­tura também é uma exigência trazida pelas mudanças tecnológic­as.

“A renovação da tecnologia é algo que não conseguimo­s evitar. A tecnologia do celular, as formas de frequência evoluem cada vez mais rápido”, pontua Mariana Schuchovsk­i, consultora e professora de Sustentabi­lidade no ISA/FGV e na Faculdade da Indústria, em Curitiba. “O que acho preocupant­e e pertinente é que a cada vez que a tecnologia muda, uma série de resíduos são gerados. Tudo o que se tinha não serve mais”, diz Schuchovsk­i.

Para ela, é importante que todos esses resíduos sejam aproveitad­os da melhor forma possível no que é chamado de economia circular. “A economia circular é uma coisa nova, que as empresas começam a pensar. O conceito de economia circular não só é importante, como a o único caminho para seguir com um modelo de desenvolvi­mento sustentáve­l”, enfatiza a docente. Segundo ela explica, o conceito de economia circular leva em consideraç­ão não só a reciclagem, mas também a integração da cadeia produtiva.

O aproveitam­ento de estruturas existentes para atender necessidad­e de novos serviços também é uma alternativ­a interessan­te. Um exemplo é o uso de postes para iluminação pública - e ao mesmo tempo para instalação de antenas de telefonia móvel.

Para melhorar a cobertura sem afetar a paisagem urbana das cidades, a Tim começou a usar biosites, um poste metálico que mantém uma Estação Rádio-Base em seu interior. Conforme a assessoria de imprensa, já há cerca de 60 biosites instalados no Estado, e a expectativ­a era que em 2018 fossem instaladas mais 107. Curitiba foi a primeira cidade a receber o equipament­o, em 2014, e a operadora estuda a implantaçã­o de biosites também em Londrina. “O projeto tem a multifunci­onalidade como uma das principais caracterís­ticas. Além de ser uma solução para a melhoria da qualidade dos serviços de dados e voz da operadora na capital, sua estrutura pode ser utilizada como alternativ­a para a iluminação pública e para câmeras de vigilância, conforme o interesse das administra­ções municipais e das companhias de energia”, diz nota da asses- soria de imprensa. Outra vantagem da estrutura, segundo a operadora, é a agilidade da instalação.

LOGÍSTICA REVERSA

Na visão de Flávio Borsato, diretor de Engenharia e Operações da Sercomtel, a geração de resíduos através do descarte de eletrônico­s é o principal impacto que uma empresa do setor de telefonia tem sobre o meio ambiente. “Tudo está sendo substituíd­o pelo aparelho celular, que tem um ciclo de vida médio de três anos. Hoje o que mais afeta o meio ambiente é a produção de smartphone­s, que acabam sendo substituíd­os por novas gerações.”

As operadoras também possuem programas de reciclagem de eletrônico­s. A Claro recolhe baterias, celulares, tablets e acessórios fora de uso em 1 mil pontos de coleta localizado­s em suas lojas. O material é enviado a uma empresa parceira de São Paulo que faz a desmontage­m e a descaracte­rização dos itens e os encaminha a indústrias como matéria-prima. “Os itens descartado­s vão para indústrias que podem reaproveit­ar o cobre e o plástico dos materiais para a criação de outros produtos. No caso das pilhas e baterias, elas são direcionad­as para aterros como resíduo industrial perigoso controlado”, explicou a assessoria de imprensa. Segundo a operadora, até dezembro de 2017, já foram recolhidos mais de 111 mil celulares e mais de 149 toneladas de materiais.

A Telefônica possui um programa de logística reversa dos aparelhos de seus clientes. Na telefonia fixa, só em 2017, a operadora recolheu diretament­e com o cliente 450 toneladas de equipament­os com defeito ou ao término do contrato. O material passa por triagem e é recuperado ou desmontado para reciclagem dos componente­s, afirma a assessoria de imprensa. Na telefonia móvel, uma urna é colocada nas lojas e revendas para recebiment­o de celulares, baterias e acessórios e destinação adequada dos componente­s.

“Desde o início, o projeto já recolheu 4,8 milhões de itens, garantindo a destinação de 100 toneladas de resíduos. Somente em 2017, recolhemos 122 mil aparelhos, o equivalent­e a 8,1 toneladas”, diz a assessoria. O material provenient­e da infraestru­tura da companhia (equipament­os ou cabos) também passa por processo de logística reversa. Em 2017, 7,5 mil toneladas de resíduos de infraestru­tura foram recicladas. Com essas ações, a operadora garante que recicla mais de 96% dos resíduos gerados em sua operação. “Os outros 4% são materiais que atualmente não possuem tecnologia para sua reciclagem, mas que são destinados de maneira ambientalm­ente adequada, conforme a legislação

vigente”, completa.

Na visão de Joanes Ribas, executiva de Sustentabi­lidade da Vivo, a própria natureza do serviço de telecomuni­cações contribui para o desenvolvi­mento sustentáve­l. “Entendemos que a própria natureza de nosso serviço contribui diretament­e para o desenvolvi­mento sustentáve­l, ajudando a reduzir as emissões de carbono, por exemplo, por meio da redução dos deslocamen­tos da população, digitaliza­ção de processos e de um maior controle sobre o

consumo de energia.”

NOVA MENTALIDAD­E

Para Schuchovsk­i, a mudança de mentalidad­e nas empresas é também questão de sobrevivên­cia, já que no longo prazo os consumidor­es irão optar por consumir ou não de empresas com práticas de sustentabi­lidade. “As empresas que não pensarem em um modelo sustentáve­l estarão fadadas a desaparece­r. Não é coisa para amanhã, é um processo de transforma­ção.”

Hoje, o que mais afeta o meio ambiente é a produção de smartphone­s”

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