Le grandeur de la France
Não sei se a França será a campeã da Copa 2018, mas a grandeza desta nação no século XXI, se percebe na força migratória. Desde a época de Maria Antonieta a migração tomou uma tal força neste país que o próprio Luís XIV teve que estabelecer leis exigentes para todos aqueles que desejavam passar uma temporada na terra do galo ‘francés.’
Olhando para a seleção francesa fico maravilhado ao ver a capacidade de integração e interação entre os jogadores. A forma linguística ocular e verbal com a qual os jogadores dão a conhecer uma sincronização quase impecável.
Durante um bom tempo da minha vida de estudante morei em Paris. Visitei a Borgonha constantemente e a região de Provence. Percebi que pouco a pouco esta grande nação investia fortemente na formação dos seus cidadãos para aprender a conviver com os outros, laços de comunhão que permitissem abrir não só a cabeça, mas também o coração entre uns e outros. E, por incrível que possa parecer, onde todos se sentissem franceses.
Na França jamais fui detido ou assaltado por perguntas um tanto incômodas e imprudentes como aquelas que ouço ainda por razão do meu sotaque: “De onde você é?”
Dos 23 jogadores desta seleção, 17 nasceram em outras terras, sem contar os extraterritoriais. Que seria do nosso mundo sem a beleza da migração, sem o espírito do encontro, sem a grandeza do outro que vem. É evidente que para aqueles que viemos de outros países e nos estabelecemos em novas terras nada mais estranho do que depois de um longo tempo você ainda ser identificado como alguém que veio de fora. Na nossa cidade de Londrina os grupos étnicos são cada vez maiores; as ex- pressões linguísticas que se misturam com a língua portuguesa assim como as manifestações religiosas, culturais e gastronômicas; as mentalidades e modalidades do ser que se dão a conhecer por aquilo que somos e não por aquilo que fomos antes de aqui chegar.
Uma nação maravilhosa e imensa como o Brasil habituada ao fenômeno migratório não pode negar às novas gerações a oportunidade de acolher a quem por diversas razões hoje está aqui. Temos que investir na formação de quem está chegando, sim; mas também na formação de quem aqui está. Evitar a construção de muros e mais muros físicos ou imaginários na experiência da migração.
Todos os escritores dos primeiros séculos cristãos concordavam numa clara manifestação da bondade de Deus que nos trata a todos como filhos e filhas muitos amados, onde as fronteiras são inexistentes e, mais ainda, onde temos clareza de que a nossa passagem por este mundo é rápida demais para ficarmos parados observando a nossa cidadania. Somos cidadãos e cidadãs do infinito!
Abramos nosso espírito ao novo, ao que está chegando ao que está por vir. Não destratemos o que vem de fora; nem nos sintamos agredidos por aqueles que estão chegando. Acolher é o verbo e a atitude mais urgente na experiência migratória, acolher quantas vezes for necessário.
Quem vai ganhar a Copa não sei. Só sei que se for a França a Copa será do mundo todo, pois na seleção francesa todos temos um pouco da nossa raça, das nossas raízes, do nosso ser de cidadãos do céu.
Dos 23 jogadores da seleção francesa, 17 nasceram em outras terras”