Folha de Londrina

Se for preciso, desista

- Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes em Londrina

As pessoas comuns associam o verbo desistir a fracassar. Errado! São muitas as circunstân­cias em que desistir é exatamente a coisa certa a fazer.

A Denise achava que uma tarefa podia ser realizada em duas horas e decidiu executá-la. Passaram-se quatro e ela havia desempenha­do apenas um quarto do processo. Nesse momento, ela pensava: “Não posso desistir agora que já investi quatro horas nessa atividade!”

Quando acontece isso conosco, temos a forte e atraente inclinação de nos tornarmos heróis. Ficamos obcecados por fazer a coisa dar certo. Então, vestimos a nossa capa e nos isolamos do resto da humanidade. Às vezes até dá certo. Mas a pergunta a ser feita é: “Vale a pena?” Creio que quase todos responderã­o: “Raramente.”

No caso da Denise, teria, sim, valido se levasse duas horas, não vinte. Nessas vinte horas, muitas outras coisas podiam ter sido realizadas e não foram. Além disso, ela não teve a iniciativa de abrir espaço para receber um feedback, o que reforçou sua permanênci­a no caminho errado. É bom lembrar que mesmo os superherói­s precisam de uma segunda opinião. Isso os ajuda a calibrar o “senso de realidade”.

A lição aqui é: sempre que você sentir que algo está ocupando tempo demais para que seja executado, chame alguém confiável para dar uma olhada. Mesmo não sendo expert, ele ao menos poderá emitir um parecer diferente do seu ponto de vista e fazê-lo pensar melhor. Às vezes uma saída óbvia e viável está bem debaixo do nariz, mas você não enxerga.

Desistir pode, sim, ser a melhor solução em muitas circunstân­cias. Reaver o tempo gasto é impossível. Mas ao menos podemos decidir romper o desperdíci­o de horas de trabalho... e de vida!

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