Saneamento básico e moradia
Afalta de acesso ao saneamento básico é um problema difícil de ser resolvido e com o crescimento da população o desafio é cada vez maior. De acordo com dados da ONU (Organizações das Nações Unidas), 4,5 milhões de pessoas em todo o mundo não dispõem de saneamento seguro, o que significa que seis em cada dez cidadãos estão privados de um dos requisitos mais básicos para a saúde humana. No Brasil, apenas metade da população está coberta por rede de esgoto. Distante da triste realidade que acomete moradores de muitos municípios, principalmente das regiões Norte e Nordeste do País, Londrina vive situação privilegiada. Segundo dados do Instituto Trata Brasil, a cidade tem 99,99% de cobertura no saneamento básico, o que a coloca na 13ª melhor posição em todo o País. Já em dados mais detalhados da Sanepar, 92% são atendidos por rede de esgoto e 8% por fossas sépticas.
No entanto, o que as estatísticas não mostram é que 12 mil pessoas vivem sem serviço de saneamento na cidade, conforme mostrou a reportagem da FOLHA na segunda-feira (16). São moradores de cerca de 60 ocupações irregulares existentes em Londrina, áreas impedidas por lei de receber os serviços básicos. Impossível não se sensibilizar com os depoimentos impactantes dos moradores e as imagens do esgoto correndo a céu aberto, que revelam uma faceta de Londrina que grande parte da população nem imagina que exista.
Sem banheiro, eles fazem as necessidades em sacolas plásticas para depois despejarem em buracos feitos no local para escoar dejetos de banheiro. Sem água encanada, a alternativa é usar a torneira coletiva da ocupação para encher baldes de água para beber, tomar banho, cozinhar.
No contexto de 550 mil londrinenses, cria-se uma população de invisíveis, porém há que se ponderar que o contingente de 12 mil pessoas é maior que a população de 232 dos 399 municípios paranaenses. As várias periferias de Londrina escondem uma “Jataizinho” inteira de moradores marginalizados.
Ainda de acordo com dados da ONU, como resultado, todos os anos 361 mil crianças com menos de 5 anos morrem devido a diarreia no mundo. O saneamento deficiente e a água contaminada também estão ligados à transmissão de doenças como cólera, disenteria, hepatite A e febre tifoide. Em Londrina, houve aumento de 24% no Coeficiente de Mortalidade Infantil entre 2016 e 2017, dado levantado pela FOLHA e publicado em reportagem no dia 13 de junho. Segundo as autoridades em Saúde, as causas ainda não foram identificadas, mas os dados seguem na mesma direção das estatísticas da Sanepar: nos últimos três anos, cresceu de 5% para 10% o total de água destinada a ocupações irregulares na cidade.
Enquanto em Londrina a solução do problema está mais focada na moradia, no Brasil passa pela aprovação dos PMSB (planos municipais de saneamento básico), que obriga que todos os municípios apresentem o detalhamento para a ampliação do serviço para os próximos anos. No entanto, no dia 29 de dezembro de 2017, o decreto 9.254/17 adiou mais uma vez o prazo de entrega do PMSB para o fim de 2019.
4,5 milhões de pessoas em todo o mundo não dispõem de saneamento seguro