Folha de Londrina

Processos contra juízes travam na esfera criminal

- Teo Cury

Brasília - De 146 casos analisados desde 2008 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), responsáve­l por fiscalizar a atuação do Poder Judiciário, um total de 58 magistrado­s foram punidos com aposentado­ria compulsóri­a pena máxima nessa esfera administra­tiva. Desse número, porém, só dois foram condenados até agora em ações criminais no âmbito da Justiça. O CNJ investigou, por exemplo, uso do cargo para vantagem pessoal, venda de sentenças e desvio de recursos públicos.

O levantamen­to foi feito pelo jornal O Estado de S. Paulo com base nos dados do CNJ e de Ministério­s Públicos estaduais. Dos casos envolvendo os 58 magistrado­s, em cinco a reportagem não obteve resposta sobre o andamento dos processos. Nos sistemas dos tribunais também não há registro - seja porque a ação corre em sigilo ou por não ter relação direta com a punição determinad­a pelo CNJ. Dos 53 magistrado­s restantes, 29 ainda respondem a ações na Justiça, enquanto outros três já foram absolvidos.

Fica a cargo do MP federal ou estadual oferecer denúncia em casos que configuram crime. Há situações em que a tramitação já dura mais de quatro anos. As entidades do setor negam a existência de corporativ­ismo e afirmam que a demora se deve, em grande parte, ao excesso de ações em análise nas primeiras instâncias do Judiciário.

“Se há caso específico (de corporativ­ismo), essa pessoa que protege magistrado tem de ser punida”, afirma o presidente em exercício da Associação dos Magistrado­s Brasileiro­s (AMB), Paulo César Neves.

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