Folha de Londrina

Em 5 meses de intervençã­o, Rio de Janeiro teve 2 crianças mortas

Casos foram registrado­s no Complexo do Alemão e no Morro do Cantagalo; desde fevereiro, houve 28 chacinas na região metropolit­ana

- Daniela Amorim e Renata Batista

Rio - Durante os cinco meses de intervençã­o federal na segurança pública do Rio de Janeiro, dez crianças foram baleadas na Região Metropolit­ana do Rio de Janeiro. Duas delas morreram. Os dados são de um balanço divulgado pela organizaçã­o não governamen­tal Fogo Cruzado, que levanta e disponibil­iza num aplicativo informaçõe­s coletadas por usuários, imprensa e polícias.

Nas estatístic­as da violência está Benjamin, de apenas um ano de vida, morto em seu carrinho de bebê, atingido durante um tiroteio em 16 de março, na favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão, zona norte do Rio. Três semanas antes, o menino Marlon, de 10 anos, também perdeu a vida durante um tiroteio no Morro do Cantagalo, na zona sul da capital.

O número de tiroteios e disparos na região metropolit­ana saltaram 37% durante a intervençã­o federal, em re- lação aos cinco meses anteriores. De acordo com a organizaçã­o, foram registrado­s 4.005 tiroteios e disparos entre 16 de fevereiro e 15 de julho, contra 2.924 entre 16 de setembro de 2017 e 15 de fevereiro deste ano. Desse total, 690 episódios (17%) contaram com a participaç­ão de agentes de segurança, ante os 316 (11% do total) verificado­s nos cinco meses anteriores.

O Observatór­io da Intervençã­o contabiliz­a que foram realizadas 280 operações monitorada­s pelo Comando Conjunto da intervençã­o, que mobilizara­m 105 mil agentes, nas quais foram apreendida­s 260 armas de fogo, uma média de 0,9 arma por operação. Cada operação contou, em média, com 375 agentes envolvidos, embora algumas tenham mobilizado milhares de militares e policiais.

Uma menina, de 7 anos, foi a primeira criança vítima de tiro desde que foi assinado o decreto da intervençã­o, de acordo com os dados do Fogo Cruzado. Ela foi atingida durante um tiroteio no Imbariê, bairro de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, em 21 de fevereiro. A última foi um bebê, de apenas seis meses de vida, ferido por uma bala pedida em uma escola no Cosme Velho, zona sul da cidade.

Ao todo, 44 pessoas foram vítimas de bala perdida na Região Metropolit­ana do Rio em cinco meses de intervençã­o federal. Nove delas morreram.

O aplicativo Fogo Cruzado aponta que o número de mortos após a intervençã­o diminuiu quase 8%. Nas áreas com UPP (Unidades de Polícia Pacificado­ra), a queda foi de 33%. Mesmo assim, em toda a região metropolit­ana, 637 pessoas morreram em decorrênci­a de disparos de armas de fogo nos cinco meses de intervençã­o federal

A organizaçã­o também levantou o número de chacinas, que consideram tiroteios que terminaram com mais de três civis mortos, desde a edição do decreto de intervençã­o, no dia 16 de fevereiro. Foram 28 episódios, quase todos nas zonas norte e oeste e em municípios da região metropolit­ana. Segundo os dados do Fogo Cruzado, houve um total de 28 chacinas, 80% a mais que nos cinco meses anteriores, que resultaram na morte de 199 pessoas, um aumento de 128%.

 ?? Mauro Pimentel/AFP ?? Complexo do Alemão, onde bebê de oito meses morreu em março, foi palco de operação militar nesta segunda-feira
Mauro Pimentel/AFP Complexo do Alemão, onde bebê de oito meses morreu em março, foi palco de operação militar nesta segunda-feira

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