Acionistas minoritários analisam números da Sercomtel
Tendo no nome o aniversário de Londrina, empresa diz que pode investir imediatamente na operadora
Oadvogado londrinense Fábio Berbel, do escritório Balera, de São Paulo, vem a Londrina nesta terça-feira (17) para dar início na Sercomtel ao que o mercado chama de due deligence. É uma espécie de auditoria que visa conferir se os dados contábeis anotados nas demonstrações de uma empresa condizem com a realidade. O processo normalmente é realizado quando se tem interesse em adquirir um negócio. Berbel representa a Dez de Dezembro, empresa de propósito específico formada para investir na Sercomtel e que leva no nome o aniversário da cidade.
De acordo com ele, desde o ano passado um grupo de fundos de investimentos nacionais e estrangeiros vem estudando a telefônica londrinense, que tem como sócio majoritário o Município de Londrina, com 55% das ações ordinárias (com direito a voto) e a Copel (Companhia Paranaense de Energia), com os demais 45%. Na verdade, o total da Prefeitura não chega a exatamente 55%, porque 0,0002% das ações ordinárias está nas mãos de pequenos acionistas, entre eles a Dez de Dezembro, cujos representantes já vêm participando das reuniões do Conselho de Administração da empresa há mais de ano. O advogado se reveza com o consultor financeiro Marcelo Kneese nessas reuniões.
No entendimento de Berbel, o conselho já autorizou um aumento de capital para a Sercomtel de modo que ela possa “atingir níveis de solvência, liquidez e capacidade de investimentos exigidos pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações)”. Na visão do advogado, as portas para a participação majoritária de um sócio privado na empresa já estão abertas. “A Prefeitura não vai perder nenhuma ação. Proporcionalmente, terá menos que o novo sócio”, alega.
A proposta, no entanto, não conta com a simpatia do prefeito Marcelo Belinati (PP), que aposta todas as fichas num investimento maior da Copel na Sercomtel. Reportagem publicada no último final de semana pela FOLHA mostra um Belinati seguro de que, em breve, a Copel irá anunciar investimentos na telefônica. A companhia estadual não se manisfesta sobre o assunto.
Os sócios têm até outubro para apresentarem uma proposta definitiva para recuperar a empresa, que sofre um processo de auditoria feito pela Anatel, cuja conclusão pode ser a caducidade das licenças para a operadora continuar no mercado. “Se, eventualmente, a Anatel confirmar a caducidade, todos os ativos da Sercomtel serão revertidos para a União. E os passivos ficam com o Município”, declara.
Ele diz que empresa tem “excelentes profissionais, gera caixa, presta serviço de boa qualidade, um dos melhores segundo a Anatel”. “O problema dela é ser estatal. A Sercomtel precisa se alavancar, ir ao mercado captar recursos. As telecomunicações exigem investimentos constantes que uma estatal tem dificuldade de fazer”, alega.
NICHOS
O advogado conta que, depois de checar os números da operadora, a Dez de Dezembro pode concluir que suas “premissas” são “infundadas”. “Mas, a princípio temos informação de que a Sercomtel é viável.” Ele acredita que a empresa possa “trabalhar com nichos”. Uma das possibilidade seria atender apenas no atacado, deixando o varejo para a concorrência.
Se confirmadas as expectativas dos investidores, Berbel diz que, o próximo passo, será convencer a Câmara aprovar leis que proporcionem segurança jurídica para eles. O advogado explica que existe jurisprudência no STJ (Superior Tribunal de Justiça), segundo a qual, é preciso uma lei para transferir o controle de uma estatal a um investidor privado.
BALANÇO
O último balanço publicado no site da Sercomtel, referente a 2017, mostra passivos de R$ 66,640 milhões de curto prazo e de R$ 163,456 milhões de longo prazo, com vencimento em mais de 12 meses. O total oficial de dívidas da empresa, a maior parte com impostos e ações judiciais, é de R$ 230,094 milhões. Mas pode ser bem maior se considerados todos os processos movidos contra ela. A receita bruta da empresa no ano passado foi de R$ 285,593 milhões. O balanço mostra ainda prejuízos acumulados de R$ 179,637 milhões.
Desde o ano passado um grupo de fundos de investimentos estuda a telefônica londrinense