Missionária paranaense auxiliou no resgate
Quando deixou o Brasil para se mudar para a Tailândia, em 2012, a missionária paranaense Tatiane de Araújo não poderia imaginar que seria uma peça fundamental no desfecho de um dos maiores dramas da atualidade. Ela atuou como tradutora voluntária entre militares norte-americanos e autoridades tailandesas durante o resgate dos 12 garotos de um time de futebol e o treinador deles que ficaram presos por 17 dias em um complexo de cavernas em uma montanha ao norte do país asiático.
A missionária vive na província de Chiang Rai, localizada a pouco mais de uma hora de distância do local onde estavam os meninos da caverna. Desde que a notícia sobre o desaparecimento do grupo se espalhou pelo país, em 24 de junho, os tailandeses passaram a acompanhar dia e noite os noticiários veiculados pelas redes de televisão locais e também pela internet.
Foi dessa forma que Araújo soube que estavam procurando voluntários fluentes em inglês e tailandês para auxiliar as autoridades na operação de resgate. “Estavam no quarto dia de buscas e quando vi o anúncio na TV que precisavam de voluntários na área de tradução, imediatamente liguei para a base que foi montada na frente da caverna e eles me aceitaram”, contou a missionária.
Do início do trabalho voluntário até o momento em que o técnico Ekkapol “Ake” Chantawong, o último a ser resgatado, deixou a caverna do complexo Tham Luang, em 10 de julho, a missionária passou muitas horas na montanha. “Fiquei à disposição deles (equipe de resgate). Ia e voltava todos os dias porque moro a uma hora e dez minutos do local. Conheci a família de um dos meninos pelo fato de eles serem cristãos e orei com eles lá no local”, relembrou Araújo.
Como tradutora, sua função era traduzir tudo o que era falado entre técnicos, auxiliando as autoridades locais a procederem o resgate, e também repassar as informações à imprensa. “Traduzi a militar dos Estados Unidos para uma emissora de TV local chamada One 31 no dia em que os meninos foram encontrados com vida, às 22h30 de 2 de julho. Essa militar trabalhou junto com autoridades tailandesas na parte estratégica de como entrar na caverna”, contou a missionária.
“Para mim, foi uma experiência única poder me juntar a mais de 1.300 voluntários e poder ajudar de alguma forma. Pude compartilhar com eles os momentos de angústia, cansaço e também de felicidade quando todos foram encontrados”, relembrou Araújo.
VIDA MISSIONÁRIA
Tatiane de Araújo tem 36 anos e é natural do município paranaense de Arapoti. Nos Campos Gerais, ela servia como missionária na igreja. Iniciou o trabalho de evangelização em 2010, atuando com crianças, adolescentes e jovens. De lá, partiu para João Pessoa (PB) onde especializou-se em Povos Ainda Não Alcançados. “Minhas primeiras viagens missionárias fora do Brasil foram para o Paraguai e a Colômbia”, contou.
Em abril de 2012 pisou pela primeira vez em terras asiáticas com a missão de evangelizar pessoas em um país predominantemente budista. Demorou nove meses para aprender a língua e atualmente atua em uma comunidade evangélica chamada Jet Semont e faz parte do Ministério Casa da Graça, que tem como finalidade prevenir a prostituição e o tráfico humano. “A Tailândia é considerada um país pacífico e o que eu mais gosto aqui são os tailandeses e sua cultura de união e respeito. Como alguns países, a Tailândia tem o problema da corrupção, e isso é ruim, assim como problemas como drogas e tráfico humano e prostituição. Eu, como missionária, trabalho na área de prevenção contra isso. Não é nada fácil, mas tem dado certo. Não estou atrás de grandes multidões para poder ajudar, mas daqueles que realmente precisam e querem ser ajudados”, comentou Araújo.
Futuramente, a paranaense pretende continuar em sua missão evangelizadora na Ásia, “com mais dedicação e excelência”. Voltar ao Brasil não está nos planos, ao menos por enquanto. “Espero ser um canal de Deus para outras vidas e países da Ásia, como Myanmar, Laos, Vietnã e China.”
“Conheci a família de um dos meninos pelo fato de eles serem cristãos e orei com eles”