Apreensões de cocaína aumentam 280% no porto de Paranaguá
Volume de apreensões, do início do ano até agora, já é 281% maior do que o registrado em todo o ano passado
Desde o início do ano, mais de 3 toneladas da droga foram apreendidas no porto de Paranaguá. Volume é 281% maior do que o registrado em todo o ano passado pela Alfândega da Receita Federal no terminal. Traficantes inserem a cocaína em contêineres regulares sem o conhecimento do proprietário da carga. Última apreensão foi feita em carregamento de feijão com destino à exportação. Alvo de criminosos é o mercado europeu
Ovolume de apreensões de drogas no Porto de Paranaguá, do início do ano até agora, já é 281% maior do que o registrado em todo o ano passado pela Alfândega da Receita Federal no terminal de cargas. De1ºdej aneiro até 14 de julho, a fiscalização interceptou 3.312 quilos de cocaína que seriam despachados do Porto de Paranaguá para a Europa. No ano passado, foram apreendidos 869 quilos da droga. Desde 2016, as apreensões de cocaína escondidas em carregamentos no terminal de cargas paranaense ultrapassam 4,7 toneladas.
A apreensão mais recente aconteceu no último sábado (14). Foi a quinta do ano, realizada durante uma operação de rotina em um terminal alfandegado de contêi- neres.Comaajudadecães farejadores, a Receita Federal apreendeu 350 quilos de cocaína que estavam escondidos em meio a um carregamento de madeira que seria transportado até o Porto de Valência, na Espanha.
Os traficantes utilizaram uma técnica que vem se tornando corriqueira no Porto de Paranaguá, segundo a Receita Federal. Conhecida como rip on/rip off, ela consiste na inserção da droga no contêiner em meio a cargas regulares sem o conhecimento do proprietário da carga a ser exportada.
Em quatro das cinco apreensões realizadas neste ano, segundo informações da Receita, a mesma técnica foi utilizada. Em 30 de março, 834 quilos de cocaína foram localizados dentro de um contêiner que tinha como destino o Porto de Le Havre, na França. O escaneamento da carga durante uma operação de rotina identificou a droga próxima à porta do contêiner. A carga de cocaína foi avaliada em R$ 41 milhões.
Em junho, fiscais da Alfândega da Receita Federal realizaram duas apreensões em dois dias seguidos. No domingo (10), foram interceptados 390 quilos de cocaína que seriam recebidos no Porto de Antuérpia, na Bélgica, e na segunda-feira (11), 881 quilos da droga foram localizados, inseridos em máquinas escavadeiras. Esse segundo carregamento deveria desembarcar na Holanda.
Os tabletes do entorpecente escondidos no maquinário foram a única carga interceptada neste ano que não utilizou a técnica rip on/rip off. Neste caso, o despacho seria feito por meio de uma empresa de fachada. “O método rip on/ rip off é um dos mais fáceis utilizados pelos traficantes porque não precisa envolver exportador ou empresa laranja”, explicou o delegado da Alfândega da Receita Federal, Gerson Zanetti Faucz.
Outro grande carregamento foi apreendido 18 dias depois, em 29 de junho. Foi a segunda maior apreensão do ano feita pela Savig (Seção de Vigilância e Controle Aduaneiro) da Alfândega da Receita Federal em Paranaguá até agora. Os fiscais desconfiaram de sinais de adulteração de cargas e localizaram 857 quilos de cocaína prestes a serem despachados para o Porto de Algeciras, na Espanha.
O alerta aos fiscais foram feijões espalhados pelo chão em uma área da TCP (Terminal de Contêineres do Porto de Paranaguá), empresa que administra o terminal de contêineres. Por meio de pesquisa nos sistemas informatizados, a Receita Federal localizou e escaneou alguns contêineres que continham carregamento de feijão para exportação. Em um deles foi confirmada a suspeita de contaminação com droga. O volume do entorpecente foi avaliado em cerca de R$ 40 milhões que, no mercado consumidor, renderiam cerca de R$ 120 milhões.
Dos mais de 3,3 mil quilos de cocaína apreendidos no Porto de Paranaguá pela Receita Federal neste ano, 2.128 quilos foram interceptados no mês passado. O órgão fiscalizador ressalta que o principal objetivo do combate ao tráfico de drogas nos portos brasileiros é retirar das mãos de criminosos grandes quantias de dinheiro que seriam utilizadas para financiar outros crimes dentro do Brasil. O combate ao tráfico de entorpecentes, destacou a Receita Federal, também contribuiu para preservar a imagem do País e das empresas brasileiras no cenário internacional.
O aumento gradual no volume de apreensões registradas desde 2016, esclareceu Faucz, é resultado da maior estruturação da Savig. Há três anos, eram três servidores e hoje, a equipe conta com cinco profissionais para atuar na vigilância e repressão ao crime. “Os servidores foram conseguindo mais experiência no assunto e trabalhamos também com informações não só de dentro da Receita. As informaçõesvêmdeoutrosportos, escritórios de inteligência da Receita e convênios com adidos aduaneiros na Bélgica, França, Holanda e Espanha, com quem troca- mos informações”, disse.
Desde 2014, a Receita Federal conta também com o auxílio de três scanners modernos que permitem a varredura total das mercadorias para exportação,
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além de cães farejadores de unidades da Receita em Curitiba e em Itajaí (SC). “Não temos um cão fixo em Paranaguá, mas a gente pede reforços para alguns dias”, destacou o delegado.
Toda a droga interceptada pela Receita Federal foi encaminhada à Polícia Federal para dar prosseguimento às investigações. A PF, no entanto, não se pronuncia sobre as apreensões.
A Appa (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina) também não se manifesta sobre o assunto. Em nota encaminhada pela assessoria de imprensa, informa que as apreensões foram feitas em contêineres, que não são movimentados na área pública do terminal, sendo de responsabilidade do TCP.
Em nota encaminhada por sua assessoria de imprensa, a TCP reforçou que as apreensões aconteceram durante vistorias de rotina da Receita Federal no pátio do terminal e que a empresa colabora com os órgãos no fornecimento de informações que contribuam com as investigações sobre origem e destino da carga.