Melhor que cadeia de rádio e tv

Pode ser que se trate de uma precipitação silogística, mas está assentado, pelo menos no caso de Lula, que estar numa cadeia é mais eficiente que numa de rádio e tv para efeito de promoção pessoal. Seu dia ontem foi especial: além das numerosas visitas publicou artigo no maior jornal do país em que pergunta: “querem me derrotar? Façam-no nas urnas!”.

Parece até que está gostando da prisão, tantas são as manifestações de carinho dentro e fora dela. Como insiste na sua inocência, como a esmagadora maioria dos presidiários, vê a sua punição como uma conspiração dos que não querem que o povo almoce e jante todos os dias, como se sua existência, mesmo encarcerado, fosse o fundamento dessa esperança.

Dá para lembrar em situação-limite, obviamente muito pior do que essa, a do Getúlio Vargas a proclamar na Carta Testamento “esse povo de quem fui escravo jamais será escravo de ninguém”. Pagamos um tributo caro ao messianismo populista e isso apenas comprova que a despeito de tantas mudanças aparentes seguimos com um tipo de liderança popular que mais escraviza do que liberta. Disposto ao desafio eleitoral, mas não o do cárcere, alternativa que um verdadeiro herói, Nelson Mandela, não teve ao encarar pena real bem mais elevada do que os doze anos de cadeia de Lula.