Folha de Londrina

Brasil tem quase 2 escravos modernos a cada mil habitantes, diz ONG

De acordo com a Organizaçã­o Internacio­nal do Trabalho, número de vítimas no mundo ultrapassa­va 40 milhões em 2016

- Danielle Brant

Nova York - O Brasil tinha 369 mil escravos modernos em 2016, ou 1,8 a cada mil habitantes, mas estava entre os países que mais combatiam o problema dentro do G20 (grupos das 19 economias mais desenvolvi­das e a União Europeia). O levantamen­to é da organizaçã­o Walk Free Foundation, que publicou nesta quinta-feira (19) o índice global de escravidão moderna de 2018.

A escravidão moderna é um conceito que inclui pessoas que ficaram presas a um contratant­e por dívida contraída, ou mantidas como trabalhado­res domésticos para “pagar” por um serviço, por exemplo. Entre os fatores que contribuem para o problema estão migração, conflitos, regimes repressivo­s e discrimina­ção.

Cerca de 40,3 milhões de pessoas eram vítimas de algum tipo de escravidão moderna em 2016, segundo estimativa da fundação e da OIT (Organizaçã­o Internacio­nal do Trabalho), em parceria com a OIM (Organizaçã­o Internacio­nal para as Migrações). O Brasil, com 369 mil, é o 20º colocado em uma lista de 27 nas Américas - quanto mais distante do topo, melhor.

A escravidão moderna no País é encontrada na confecção de roupas e acessórios, em fazendas de gado, na exploração de cana-deaçúcar e de madeira. No ranking geral, o Brasil recebe nota BB, a mesma de Canadá, Dinamarca e Finlândia. Isso significa que esses governos adotaram algum tipo de resposta contra a escravidão moderna que inclui apoio às vítimas, um arcabouço que criminaliz­a certas formas de escravidão moderna e outras medidas contra o problema. Apesar do número ainda elevado de escravos modernos, o País é um dos sete do G20 que adotaram ações para combater o problema, afirma a fundação.

A organizaçã­o elogiou a iniciativa adotada no País desde 2005 para prevenir o trabalho escravo, com o pacto nacional pela erradicaçã­o do trabalho escravo e a lista suja do trabalho escravo. Em outubro de 2017, porém, o País foi criticado por organismos internacio­nais após uma portaria mudar a definição de trabalho escravo, os critérios de autuação e a forma de divulgação da lista suja.

Em dezembro, o governo teve que recuar, diante da repercussã­o negativa - a OIT foi uma das organizaçõ­es que criticaram as mudanças. Além do Brasil, também estão atuando para combater a questão Austrália, França, Alemanha, Itália, Reino Unido e Estados Unidos.

Nas Américas, Estados Unidos (com 403 mil escravos modernos), Brasil e México (341 mil) são os que têm maior população absoluta - o que faz sentido, consideran­do que são os países com maior número de habitantes na região. Quando o recorte é proporcion­al, a Venezuela lidera alista, com 5,6 escravos moderno sacada mil habitantes( total de 174 mil), o mesmo do Haiti.

Anotam ais altaé da Holanda, a única a receber A. O pior país,c om notaD,éa Coreia do Norte, onde aes tima tivaéqu eu ma acada dez pessoas viva em algum tipo de escravidão moderna, a maioria sendo forçada pelo Estado a trabalhar, segundo a Walk Free Foundation.

Segundo a análise, os países do G20 importam US$ 354 bilhões anualmente em produtos que podem ter em sua cadeia alguma forma de escravidão moderna. Os cinco produtos mais identifica­dos na indústria de escravidão moderna são laptops, computador­es e telefones celulares, roupas e acessórios, peixes, cacau e madeira.

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Shuttersto­ck Escravidão moderna no País é encontrada em confecções de roupas e acessórios, entre outros setores

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