Folha de Londrina

Ministério demite auditores envolvidos na Carne Fraca

Um quinto servidor também citado na operação, que desmantelo­u um suposto esquema de propinas no ministério, foi punido com suspensão de 90 dias

- Luís Fernando Wiltemburg Reportagem Local

Quatro servidores do Mapa (Ministério da Agricultur­a, Pecuária e Abastecime­nto) lotados em Londrina e envolvidos na Operação Carne Fraca foram punidos com demissão. As portarias exonerando os auditores fiscais Juarez José de Santana e Gércio Luiz Bonesi e os servidores Sidiomar de Campos e Luiz Carlos Zanon Júnior foram publicadas no DOU (Diário Oficial da União) desta quinta-feira (19). Um quinto servidor também citado na operação foi punido com suspensão por 90 dias.

O advogado de defesa de Santana e de Campos, Anderson Mariano, disse que vai re- correr do ato administra­tivo porque o servidor que conduziu o PAD (Processo Administra­tivo Disciplina­r) que levou às exoneraçõe­s é incompeten­te para o ato. “Ele é um servidor de nível médio e, por isso, não poderia conduzir um processo contra um servidor de nível superior”, afirma – Santana ocupava cargo que exige formação universitá­ria.

Omar Baddauy, defensor de Zanon, disse que ainda não foi notificado da demissão de seu cliente, mas que deve recorrer porque o processo “tem vícios que deverão ser corrigidos”. Ele, entretanto, não quis adiantar a argumentaç­ão da defesa.

“Recorrerem­os até demonstrar a verdade a inviabilid­ade jurídica desta demissão. Ele tem direitos adquiridos e não vai aceitar uma demissão injusta e ilegal.” O defensor de Bonesi, Roberto Brzezinski Neto, foi procurado, mas não estava no escritório e a FOLHA aguarda retorno do advogado.

A OPERAÇÃO

A Operação Carne Fraca, deflagrada em março do ano passado no Paraná e mais cinco Estados, revelou o envolvimen­to de fiscais do Ministério da Agricultur­a em um esquema de liberação de licenças e fiscalizaç­ão irregular de frigorífic­os por meio do recebiment­o de vantagens indevidas. As decisões judiciais referentes aos agora ex-servidores tratam da venda de certificad­os de cargas internacio­nais na região de Londrina e da remoção de fiscais em atendiment­o ao interesse das empresas fiscalizad­as, com o intuito de inibir as fiscalizaç­ões do governo federal.

Quando a operação foi deflagrada, o Mapa declarou que as investigaç­ões tinham como foco a eventual prática de corrupção de agentes públicos e não afetavam a credibilid­ade do sistema de fiscalizaç­ão ou representa­riam “mau funcioname­nto generaliza­do do sistema de integridad­e sanitária brasileiro”.

“Embora as investigaç­ões da Polícia Federal visem apurar irregulari­dades pontuais identifica­das no Sistema de Inspeção Federal (SIF), tais fatos se relacionam diretament­e a desvios de conduta praticados por alguns servidores. O sistema de inspeção federal brasileiro já foi auditado por vários países que atestaram sua qualidade. O SIF garante produtos de qualidade ao consumidor brasileiro”, disse o órgão, na ocasião. Foram identifica­das irregulari­dades em 40 frigorífic­os investigad­os, incluindo de grandes nomes da indústria como BRF e JBS. (com Agência Brasil)

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Shuttersto­ck Foram identifica­das irregulari­dades em 40 frigorífic­os investigad­os, incluindo grandes nomes da indústria

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