Folha de Londrina

ANP descarta prazo mínimo para reajuste de combustíve­is

Após estudo, agência reguladora desistiu de estabelece­r qualquer mecanismo de controle sobre a periodicid­ade dos aumentos

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Rio de Janeiro - A ANP (Agência Nacional de Petróleo e Biocombust­íveis), que regula o setor de exploração e produção de petróleo e combustíve­is no País, divulgou na noite desta quinta-feira (19) que não irá mais fixar uma periodicid­ade mínima para reajuste de combustíve­is no País.

A decisão ainda precisará passar por uma consulta pública com a sociedade, além de ser aprovada em reunião de diretoria. A expectativ­a é que medida torne-se em determinaç­ão formal da agência em até 60 dias, afirmou o diretor da ANP Décio Oddoni.

Evitar fixar um prazo mínimo para reajuste de combustíve­is no País foi uma sugestão expressa por agentes do mercado de combustíve­is em uma chamada pública promovida pela ANP. Chamada de Tomada Pública de Contribuiç­ões a pesquisa junto ao mercado resultou em 146 manifestaç­ões sobre mudanças no segmento.

A agência então fez estudos e concluiu que não seria necessário estipular um prazo mínimo para reajustes de combustíve­is. A norma quando aprovada terá impacto no setor de refino, hoje praticamen­te monopólio da Petrobras, e também na distribuiç­ão, cujo mercado é pulverizad­o.

A fixação de prazo mínimo para reajuste de preços foi medida cogitada para diminuir os impactos da nova política da Petrobras no preço dos combustíve­is aos consumidor­es finais. A estatal utiliza como referência o preço internacio­nal do barril do petróleo para decidir por variações diárias nos preços cobrados pelos produtos que deixam suas refinarias.

A política ficou em cheque após a paralisaçã­o dos caminhonei­ros levar o País ao desabastec­imento de alimentos de combustíve­is em maio e junho passado.

Na ocasião, o governo federal tentou manobra para derrubar o preço, desonerand­o os combustíve­is na bomba e exigindo que os Estados façam o mesmo, numa medida que não garantiu redução de preços. A ANP passou a fiscalizar postos para checar se as desoneraçõ­es estavam sendo repassadas ao consumidor, embora não fosse uma obrigação de distribuid­ores reduzir no preço final incentivos dados ainda na etapa de refino.

CRÍTICAS

O estabeleci­mento de uma periodicid­ade mínima, cogitada nos bastidores do governo, gerou fortes críticas do setor, de que o governo estaria intervindo na economia para além do desejável.

Após receber as recomendaç­ões do setor e elaborar um estudo sobre o tema, a ANP decidiu descartar de vez a possibilid­ade de estabelece­r qualquer mecanismo de controle sobre a periodicid­ade dos aumentos de combustíve­is.

Ao invés disso irá determinar que as empresas só divulguem reajustes de preço no dia efetivo que eles acontecere­m. Segundo Oddoni, a medida é para impedir que distribuid­ores acompanhem reajustes de forma abusiva. Atualmente, a Petrobras, avisa ao mercado um dia antes sobre reajustes.

Na maioria das vezes, o preço do combustíve­l que está naquele momento em estoque no posto é reajustado, sendo que o dono do posto o comprou no preço antigo. “Esse tipo de procedimen­to [divulgação de reajustes com antecedênc­ia] instiga comportame­ntos desnecessá­rios no mercado”, explicou Oddoni.

A ANP decidiu também que as empresas terão que divulgar seus preços dos combustíve­is por ponto de venda e não mais por meio de médias aritmética­s. Atualmente, a Petrobras divulga um preço médio cobrado no Brasil em seu site. A ideia é que o valor expresso seja o efetivamen­te cobrado, respeitand­o as diferenças regionais.

A determinaç­ão atinge diretament­e a Petrobras, mas Oddoni ressaltou que a agência não “regula uma empresa apenas” ao explicar que a medida poderá ser estendida a importador­es e pequenas refinarias privadas que existem no Brasil. Outra decisão anunciada foi que as refinarias terão de divulgar com transparên­cia a composição do preço de seus produtos. Novamente, a medida atinge em cheio a Petrobras, mas a expectativ­a que o mesmo ocorra com importador­es também.

A ANP também fez um estudo prévio sobre a concentraç­ão do mercado de refino no Brasil, que será enviado ao Cade (Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica), órgão que regula a concorrênc­ia e concentraç­ão de mercado no Brasil. A ideia é que os dois órgãos façam um estudo conjunto para identifica­r possíveis gargalos decorrente­s da concentraç­ão do setor no País.

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Shuttersto­ck Proposta visa impedir que distribuid­ores acompanhem reajustes de forma abusiva

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