Greve de caminhoneiros foi divisor de águas para economia
Rio - A greve dos caminhoneiros, no fim de maio, foi um “divisor de águas” nas expectativas dos agentes econômicos em relação à economia neste ano, na avaliação do chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes. Embora as projeções para a atividade econômica já estivessem sendo revistas para baixo antes da greve, o desabastecimento provocado pelos bloqueios nas estradas e as medidas do governo para enfrentar o problema reforçaram o processo.
Mais cedo, a CNC informou que o Icec (Índice de Confiança do Empresário do Comércio) caiu 4,3% em julho ante junho, para 103,9 pontos, menor nível desde agosto do ano passado. Segundo a CNC, a decepção com as condições correntes da economia (-13,6%) foi decisiva para a queda em julho.
Bentes lembrou que, até maio, as projeções para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) ainda giravam em torno de 2,5% para 2018. Após a greve, passaram para o nível de 1,5%.
Para o economista, a leitura de julho do Icec consolida a percepção, entre os comerciantes, de que o crescimento será menor. Na passagem de junho para julho, 69,4% dos empresários do comércio entrevistados pela CNC apontaram piora no cenário econômico.
Uma das principais medidas reivindicadas pelos caminhoneiros, e acatada pelo governo, o tabelamento dos preços do frete deverá ter efeitos na percepção sobre a economia. “Muito provavelmente, pelo efeito econômico do tabelamento do frete, a inflação comportadinha ficou para trás”, disse Bentes.
INSATISFAÇÃO
Segundo a CNC, a decepção com as condições correntes da economia (-13,6%) foi decisiva para a queda em julho. “Tanto a insatisfação com a situação atual quanto as expectativas para o crescimento da economia impactaram significativamente o indicador de confiança de julho”, diz, em nota, o chefe da Divisão Econômica da CNC, Fabio Bentes.
Conforme a pesquisa, embora a maior parte dos varejistas (73,2%) ainda acredite na melhora da economia nos próximos meses, o grau de otimismo está no menor patamar dos últimos dois anos. O componente do Icec que mede as expectativas dos comerciantes registrou recuo de 2,2% ante junho e queda de 1% na comparação com julho de 2017, “a primeira queda anual desde o auge da crise em maio de 2016”, segundo a CNC.
O subíndice relativo aos investimentos caiu 1,8% em relação a junho, puxado pela redução na intenção de contratação nos próximos meses (-2,8%). A maior parte dos empresários (56,9%) pretende contratar trabalhadores nos próximos meses. Esse porcentual, no entanto, já difere significativamente da proporção de varejistas dispostos a contratar em janeiro deste ano (61,1%).