Indefinições gerais
O início das convenções partidárias parece refletir o comportamento sinuoso do eleitor: acerta a cabeça de chapa agora, mas deixa a vice para depois (Ciro Gomes, Boulos, Bolsonaro assim agiram como também Ratinho Júnior, Osmar Dias e Cida Borghetti), conforme o clima até lá. O maior eleitor do Paraná, aquele que venceu quatro eleições seguidas e num só turno, Beto Richa, embora em segundo lugar nas intenções de votos para o Senado, parece já não agregar tanto, enquanto os processos judiciais parecem persegui-lo como aquele da Odebrecht que a juíza eleitoral devolveu a Sérgio Moro.
É mais fácil ser procurado pelo meirinho do que por aliados novos e relevantes, o que choca ante o capital político que acumulou e percebe-se que toda aquela facilidade para adensar grupos de apoio teria sumido como se sua saída do governo e decisão de disputar uma vaga do Senado fossem a causa dessa desagregação. O MDB de todos é que deixou vazia a cadeira para o governo ao colocar como suposto disputante o deputado federal João José Arruda, sobrinho do senador que aspira reelegerse. Fica, pelo menos, com alguém da família.
Essa falta de clara definição é, sobretudo, um ato de oportunismo e de expectativa da mudança dos humores partidários: Ratinho Junior jogou com os dois partidos que ajudou a criar, o PSC e o PSD, que pesam mais na Assembleia Legislativa nas votações do que no eleitorado disponível. E pelo jeito a coisa se arrasta até 5 de agosto, data fatal para entrega da ata convencional que ditou o fechamento das chapas.
Esse pendularismo, como se disse, reflete as indefinições do eleitorado e a predominância de um ceticismo jamais visto em campanha e com tal intensidade que certamente se traduzirá num absenteísmo expresso em votos nulos e em branco e também num registro assustador de evasão, de fuga aberta ao exercício cívico. Se tivéssemos já alcançado o direito de não votar, que só os idosos e os jovens detém, teríamos a dimensão da tragédia.
Quem revelou destreza foi a governadora ao receber apoio do Pros e PMB e quem manteve o maior dos suspenses foi o senador Roberto Requião, que deixou para depois a aliança com Osmar Dias e que pode ser decisiva como definição de programas identificáveis à esquerda.