Folha de Londrina

Encontro debate desafios da agricultur­a no País

Encontro em Maringá debate tendências técnicas para setor e mira soluções em cenário conturbado por barreiras comerciais, controle sanitário e baixo consumo no mercado interno

- Fábio Galiotto Reportagem Local

Aavicultur­a nacional se dividiu neste ano em um quebra-cabeças difícil de ser remontado, diante de um cenário de alto custo nos insumos, queda no consumo interno, denúncias de irregulari­dades em abatedouro­s e imposição de barreiras econômicas e sanitárias por alguns dos principais importador­es de carne e derivados de frango do Brasil. Entender melhor os desafios e as tendências para a retomada do setor é a proposta do 9º Encontro Técnico Avícola, que começa nesta terçafeira (24) e vai até quinta (26), no Centro de Eventos Vivaro, em Maringá.

O ciclo de palestras é voltado a produtores, especialis­tas, lideranças, dirigentes, estudantes e técnicos de indústrias e cooperativ­as integrante­s da cadeia, além de contar com uma feira de produtos e serviços para o setor com 30 empresas. A organizaçã­o é do Comitê Técnico Integra, formado por profission­ais das empresas associadas para capacitar e fortalecer a avicultura no Paraná, e do Sindiavipa­r (Sindicato da Indústria de Produtos Avícolas do Estado do Paraná). Até segunda-feira (23) eram 650 participan­tes e os promotores do evento esperam chegar a 800, já que é possível se inscrever na recepção do encontro, que será na avenida Virgília Manilia, 21.784, Jardim Ouro Cola.

Entre os temas das palestras estão o controle no campo das bactérias do gênero Salmonella, condenaçõe­s de frigorífic­os e implicaçõe­s sobre o rendimento da cadeia, desenho do mercado internacio­nal, além de tendências para a produção de grãos, rações e desenvolvi­mento. A feira será aberta às 9 horas desta terça, com debates no período da tarde e a palestra inaugural do comentaris­ta político Arnaldo Jabor, às 18h30, sobre o contexto econômico brasileiro.

O presidente do comitê técnico da Integra, Jeferson Vidor, afirma que os temas abordados são importante­s para entender o momento pelo qual passa o setor, mas também há debates técnicos necessário­s para elevar ainda mais o nível de profission­alização. “A própria questão da Salmonella é algo que todos têm muito o que aprender sempre, porque são cerca de 3 mil tipos. Os produtores e a indústria têm um cuidado enorme, com uma série de regras”, diz. “O que é preciso entender melhor é se o embargo imposto a alguns frigorífic­os pela União Europeia, por exemplo, é sanitário ou comercial, porque basta que o exportador pague uma taxa que a mesma carne pode entrar (no bloco econômico)”, diz.

JOGO DE INTERESSES

Para o presidente do Sindiavipa­r (Sindicato da Indústria de Produtos Avícolas do Estado do Paraná), Domingos Martins, trata-se de um jogo de interesses entre países. “Quando se está no topo, como o Brasil no frango, passa a ser visto como vidraça e alguém sempre quer buscar vantagens no comércio exterior.”

Vidor conta que esse tipo de problema gerou mudanças em toda a cadeia, com a ampliação aproximada de 35% nas exportaçõe­s de ovos férteis no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2017, enquanto somente em junho houve queda de 45% nos embarques de carne de frango ante o mesmo mês do ano passado. “Se não tivéssemos essas barreiras hoje, estaríamos em um momento bom porque o câmbio está favorável. Mas em todos os meses deste ano exportamos menos (carne) do que no mesmo período de 2017”, conta.

O reflexo é grande no agronegóci­o verde e amarelo. O presidente do comitê técnico lembra que o Brasil é o segundo maior produtor mundial, atrás apenas dos Estados Unidos, tem 3,5 milhões de

pessoas ligadas direta ou indiretame­nte à atividade, 350 mil postos de trabalho na agroindúst­ria e 150 mil famílias de granjeiros no campo.

Ao mesmo tempo em que enfrenta dificuldad­es também com a venda para a China, a economia nacional segue cambaleant­e e o produto não pode ser direcionad­o ao

mercado interno. O excesso de oferta ajuda a derrubar os preços e, para evitar prejuízos, as integrador­as começaram a aumentar o intervalo entre alojamento­s de novos lotes. “Não significa que o produtor vai perder, mas que vai deixar de ganhar porque poderia alojar mais aves em um ano”, afirma Vidor.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil