Folha de Londrina

Investimen­to que custa caro

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Um em cada três empresário­s considera que a inseguranç­a afeta a produção industrial. “A cidade cresce em volta da indústria e, com isso, a violência chega mais perto”, comenta Renato da Fonseca, gerente de Pesquisa e Competitiv­idade da CNI.

Os investimen­tos em segurança impactam, principalm­ente, as médias empresas. “As grandes diluem o investimen­to no faturament­o. Nas pequenas e médias empresas, esses investimen­tos representa­m uma fatia maior”, afirmou João Arthur Mohr, gerente dos Conselhos Temáticos e Setoriais do Sistema Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná).

De acordo com o estudo da CNI, entre 2005 a 2015, o número de empresas de segurança privada aumentou 184% no País. A receita operaciona­l líquida do setor praticamen­te dobrou, alcançando o patamar de R$ 38,3 bilhões, em valores de 2015.

O gerente administra­tivo de uma indústria de Cambé, que prefere não se identifica­r, conta que, após sofrer dois assaltos, reforçou os serviços de vigilância e monitorame­nto. Foi contratada uma empresa privada que orienta sobre os planos e tecnologia­s de prevenção. A indústria tem segurança armada durante a noite e fins de semana e sistema de monitorame­nto de câmeras. “É um custo alto, mas que pagamos pela deficiênci­a do poder público”, afirmou.

O superinten­dente do Grupo Muffato, Noroli do Nascimento, comenta que a criminalid­ade vem aumentando no País e que é preciso ações conjuntas entre a iniciativa privada e a segurança pública para trazer mais tranquilid­ade à população, garantindo proteção à vida e ao patrimônio de cada cidadão.” O grupo investe em sistemas de segurança e está sempre buscando novas tecnologia­s que possam inibir e prevenir as ocorrência­s. Também são realizados treinament­os periódicos para ampliar a qualificaç­ão das equipes de prevenção.

VIOLÊNCIA

O estudo da CNI evidencia que os prejuízos não são apenas materiais, mas também de capital humano. Os efeitos da inseguranç­a reduzem a produtivid­ade por causa dos dias perdidos de trabalho e problemas físicos e psicológic­os. O gerente da indústria de Cambé contou que já teve funcionári­os que se ausentaram do trabalho em função da violência. “Um teve a casa assaltada e o outro foi roubado enquanto esperava o ônibus”, lembra.

De acordo com o estudo, não existe uma estatístic­a quanto ao número de dias de trabalho perdidos por restrições ao direito de ir e vir, em face da criminalid­ade urbana. As agressões resultaram em 56 mil internaçõe­s hospitalar­es em 2015, o que representa um custo de R$ 85 milhões para o sistema público de saúde.

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