Folha de Londrina

Com falha em cobrança de ISS, prefeitura deixa de arrecadar R$ 34 mi

Comissão interna identifica 3.640 alvarás de construção emitidos entre 2008 e 2016 sem que houvesse inserção das edificaçõe­s no sistema tributário

- Vitor Struck politica@folhadelon­drina.com.br

Comissão interna da Prefeitura de Londrina identifico­u falhas no sistema de cobrança sobre o ISS (Imposto sobre o Serviço), cuja alíquota é de 3% para a construção civil. Embora o município tenha emitido 3.640 alvarás para obras entre 2008 e 2016, edificaçõe­s não foram inseridas no registro tributário. Secretário diz não haver indícios de responsabi­lidade de servidores e fala em falta de integração de dados por causa de sistema obsoleto

Acomissão formada por servidores das secretaria­s de Fazenda e Obras e PGM (Procurador­ia Geral do Município) para regulariza­r os imóveis que ainda não tinham o IPTU cobrado de forma individual identifico­u que embora a prefeitura tenha emitido 3.640 alvarás de construção entre 2008 e 2016, nenhuma edificação foi inserida no sistema tributário do município nesse período.

Ou seja, esses empreendim­entos deixaram de recolher os tributos municipais como IPTU e ISS (Imposto sobre o Serviço). Segundo a comissão da prefeitura, os alvarás representa­m área total de 1,5 milhão de metros quadrados e havendo o recolhimen­to do ISS, cuja alíquota é de 3% para o serviço de construção civil, o valor que deixou de ser arrecadado em oito anos seria de mais de R$ 34 milhões.

O Secretário Municipal de Fazenda, João Carlos Perez, justificou que este é, em linhas gerais, mais um reflexo da falta de informatiz­ação e integração entre as secretaria­s de Obras e Fazenda. Questionad­o se houve alguma fraude, ele disse que não acredita nessa opção embora neste ano tenha sido deflagrada a Operação “Password” do Ministério Público, que revelou a ação de três servidores e uma estagiária no cancelamen­to da cobrança do IPTU para amigos e familiares, com estimativa inicial de prejuízo de R$ 700 mil. Mesmo sendo uma situação um pouco diferente, ratificou que este não é o foco agora.

“Nós assumimos em fevereiro e estamos adequando uma situação que é de longa data. Eu imagino que houve falta de integração, o sistema é obsoleto. Não consigo imputar nenhuma responsabi­lidade a nenhum servidor neste momento. Havendo a necessidad­e nós vamos investigar o que ocorreu neste período”, garantiu.

Sobre as medidas que estão sendo tomadas, o secretário da Fazenda lembrou que auditores e um engenheiro para ajudarem na regulariza­ção dos imóveis foram contratado­s. Entretanto, para que este e outros problemas não voltem a ser constatado­s a Prefeitura necessita de investimen­tos em tecnologia. “Não basta ter o fiscal, nós temos hoje 236 mil imóveis em Londrina, não adianta nós colocarmos 100 fiscais que não vai resolver. Então a ideia é a aquisição de uma imagem mais recente para que possamos contrastar esta imagem com o nosso cadastro imobiliári­o e havendo divergênci­a o município vai notificar o contribuin­te”, explicou.

A PARTIR DE AGOSTO

O município vai entrar em contato com os 3.640 contribuin­tes por meio de cartas. Segundo o prefeito Marcelo Belinati (PP), que não concedeu entrevista, o período analisado foi entre janeiro de 2008 e julho de 2016 porque após a emissão do alvará os contribuin­tes têm dois anos para regulariza­r a obra na Prefeitura, ou seja, os alvarás emitidos após o início da gestão dele ainda estão dentro do prazo.

“Nós vamos depender muito do retorno destas cartas de convocação para saber de fato qual o início da obra. Porque o ISS, diferentem­ente do IPTU, é um tributo que precisa haver a homologaçã­o, então nós temos que ter o retorno do contribuin­te, consideran­do a data do início da obra”, explicou Perez.

O secretário também afirmou que não necessaria­mente os munícipes que entrarem em contato serão multados e precisarão pagar multas com juros, isso por conta da “Lei do Puxadinho”, que permite a anistia das multas aos proprietár­ios que venham a declarar alterações cadastrais em seus imóveis na Secretaria de Fazenda até o dia 31 de outubro. Mas ressaltou que “cada caso é um caso”.

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Marcos Zanutto O secretário de Fazenda, João Carlos Perez, diz não ver ainda responsabi­lidades de servidores: “Imagino que houve falta de integração, o sistema é obsoleto”

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