As escolas e a sinalização precária
Levantamento realizado pela CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), tema de reportagem publicada na FOLHA na terça-feira (24), revela que a sinalização de trânsito no entorno das escolas de Londrina é precária. A situação, por si só, põe a vida de crianças em risco.
O levantamento mapeou 353 escolas públicas e privadas e detectou que pelo menos 50% delas estão deficitárias no quesito sinalização. Não existem alertas visuais como “devagar, escola”, nem faixas de pedestre nem vagas de embarque e desembarque ou placas indicativas de área escolar, velocidade ou estacionamento. O quadro fica ainda mais grave, considerando que há casos de escolas que não têm sinalização alguma. Dessas, todas ficam na periferia.
Relatos de crianças que desembarcam no meio da rua, andam entre os carros - porque em alguns locais não existe calçada - reforçam a gravidade da falta de segurança na chegada e na saída da escola.
O estudo serviu de base para o projeto Sinalizar para Educar, ação conjunta das secretarias do Planejamento, Educação, Obras e Pavimentação, além da CMTU e Ippul. A proposta é mudar o cenário e regularizar a sinalização de trânsito no entorno das escolas em até 12 meses.
O prazo parece longo, dada a urgência das medidas, mas como declarou o diretor da CMTU algumas escolas que oferecem maior risco às crianças estão em áreas que necessitam também de outras intervenções. Só depois que as adequações estiverem prontas é que cerca de 5 mil alunos da rede municipal vão participar do projeto Agente de Trânsito Mirim, aprendendo sobre conceitos e normas, noções de cidadania e bom comportamento.
Educar para aumentar a segurança no trânsito envolve vários atores. É deles que vêm o bom e o mau exemplo, como a falta de sinalização na rua (competência da prefeitura), a parada em fila dupla (pais motoristas) e até o não uso da faixa de pedestre – quando existe. E essa educação deve ser um processo contínuo porque a violência no trânsito não para. De janeiro a junho o placar da CMTU registrou 51 mortos em ocorrências de trânsito em Londrina. Foram 1.703 acidentes - 159 atropelamentos e 36 deles com menores de 18 anos. Cada vida perdida provoca traumas irreparáveis nas famílias afetadas. Sem contar o alto custo dos feridos e incapacitados para toda a sociedade.
É por isso que soluções devem ser rápidas. Não dá para aceitar que uma escola tenha que esperar dois meses por uma resposta a um pedido de sinalização, como contou uma diretora à reportagem da FOLHA. Menos burocracia e mais boa vontade podem ajudar.
A educação de pedestres e motoristas deve ser um processo contínuo porque a violência no trânsito não para