Londrina tem maior estiagem das últimas quatro décadas
Clima seco e altas temperaturas na região formam cenário propício para queimadas e trazem riscos à saúde e para a agricultura
ARegião Norte do Estado completou nesta terça-feira (24) 41 dias sem chuva. A longa estiagem é considerada atípica pelo Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná) para a estação de inverno. Segundo o instituto, Londrina acumula, entre abril e julho de 2018, apenas 68 milímetros de chuvas. O ideal seria 400 milímetros. A falta de água já faz deste período o de maior estiagem desde 1976, quando foi iniciada a medição. Apenas os primeiros três meses do ano apresentaram quantidades consideradas satisfatórias.
A previsão até o final desta semana é que a condição do tempo não mude. “Não temos previsão de chuva. As temperaturas elevadas vão se manter para as mínimas e máximas. A massa de ar quente que está sobre as regiões Norte, Sudoeste, Centro-Oeste e Sul do Paraná impede que o sistema traga chuva. A chuva ‘bate’ neste bloqueio e se divide”, explica a meteorologista Ângela Costa. “Para voltar a ter chuvas é necessário um sistema de baixa pressão com uma frente fria forte para ‘quebrar’ esse bloqueio”, completa.
A menor temperatura registrada em julho, até agora, foi de 6,4 ºC, enquanto a maior ficou em 30,2 ºC, porém com sensação térmica maior. Outro problema causado pelo tempo seco é a baixa umidade relativa do ar. Na sexta-feira (20), por exemplo, o índice fechou em 28%, nível considerado como de alerta pela OMS (Organização Mundial de Saúde), que preconiza o ideal acima dos 60%. “Esse tempo acarreta prejuízos para a saúde, faz com que as pessoas tenham eletricidade estática (excesso de cargas elétricas em um corpo), além de aumentar o número de queimadas e consequentemente poluentes”, adverte.
QUEIMADAS
O Corpo de Bombeiros atendeu no primeiro semestre deste ano 156 ocorrências de incêndio ambiental na área urbana de Londrina. Somente em julho, até esta terça, foram 34. Um deles foi registrado durante a tarde no fundo de vale do Ribeirão Quati, às margens da avenida Winston Churchill, na zona norte. O fogo se espalhou por uma extensa área, gerando muita fumaça e destruindo a vegetação.
Entre janeiro e julho de 2017 foram 161 atendimentos de incêndios ambientais. No Paraná, no mesmo período, a corporação atendeu 5.048 ocorrências do tipo, contra 4.971 do ano anterior.
Para o tenente Paulo Henrique Moreno, do 3º Grupamento do Corpo de Bombeiros de Londrina, falta uma maior conscientização por parte da população. “As pessoas costumam colocar fogo em lixo, restos de galhos e folhas ou para controlar insetos, mas não têm noção do quanto isso é perigoso. Além de ser crime ambiental, gera fumaça, fazendo mal para a saúde, e oferece risco de tomar proporções ainda maiores”, atenta.
A Lei de Crimes Ambientais determina que a pena para esse tipo de crime, quando for intencional, é de 1 a 4 anos de reclusão e multa. Quando o crime é culposo, a pena é de 6 meses a 1 ano de detenção e multa.
Moreno observa que incêndios ambientais são mais comuns no inverno. “É um período mais propício (para queimadas). Vamos controlar o incêndio que oferece o risco à vida e ao bem material. Ao contrário não daríamos conta, pois a procura pela corporação é grande.”
ESTRADAS
O perigo das queimadas não fica restrito somente aos perímetros urbanos. Nas proximidades de rodovias, o fogo pode gerar inúmeras situações de risco para motoristas e pedestres. Alessandro Luiz Wolski, capitão da 2º Companhia de PRE (Polícia Rodoviária Estadual), orienta que a pessoa, ao se deparar com incêndio próximo à estrada, deve ligar para o número 198 para informar o trecho onde está o fogo.
“A queimada às margens de rodovias faz com que exista a perda da visibilidade e isso pode ocasionar acidentes e atropelamentos, seja de pessoas ou animais. Em determinados locais temos escolas e isso aumenta o risco de atropelamento. Ao se deparar com o fogo na estrada o motorista precisa diminuir a velocidade e estar com o farol aceso. Estar apenas com a luz de posição acesa é uma infração”, alerta.
Os principais causadores do fogo nessas áreas são bitucas de cigarro, fósforos jogados ainda acessos e fogo provocado de forma intencional para queimar mato ou pastagem.