Folha de Londrina

Passageiro­s enfrentam poeira em ônibus na zona norte

- (P.M.)

Para os usuários da linha 427, que sai do terminal do Vivi Xavier com destino ao distrito da Warta, na zona norte de Londrina, chegar em casa após um longo dia de trabalho e dizer que está “só o pó” não é apenas uma expressão popular. É uma realidade que se agrava em períodos de longa estiagem. A maior parte do trajeto da linha é feita em estrada de terra. São mais de oito quilômetro­s percorrido­s na via rural entre a rua Joubert de Carvalho e a rodovia Carlos João Strass.

Moradora do Vivi Xavier, a doméstica Viviane Silveira se desloca diariament­e pelo caminho para se dirigir até o trabalho, na Warta. “É muita poeira que entra no ônibus. Vivemos dois extremos: quando chove vira um lamaçal e o ônibus transita com dificuldad­e, já quando está muito seco o tempo a estrada se transforma em sinônimo de pó”, relata. O estudante Jonatan Martinez carrega peças de roupa a mais na bolsa para trocar quando chega no destino final. “Usar branco para andar neste ônibus é fora de cogitação. Se não levo outra roupa fico o dia todo cheio de barro”, conta.

Poucos metros transitand­o pela estrada rural são suficiente­s para uma nuvem de terra se levantar. Os usuários da linhas costumam manter as janelas do veículo fechadas para impedir a entrada de poeira. Além da sujeira do assoalho, os bancos acumulam muita terra, assim como as barras que as pessoas usam para segurar. “É muito difícil andar nesta linha em períodos de estiagem. Levo sempre comigo um pano, que utilizo para limpar o banco para poder sentar. A maioria das pessoas faz isso e mesmo assim se sujam”, lamenta a auxiliar de serviços gerais aposentada Ana Maria Teixeira. “Querem fazer o Contorno Norte. O projeto poderia passar por aqui em vez de querer desapropri­ar áreas de outros lugares na região”, sugere.

Há um mês trabalhand­o na linha 427, o motorista Amarildo Oliveira diz que a quantidade da terra que se levanta é tanta que ele fica com a garganta e as vias áreas ressecadas. “Todo o dia é um uniforme diferente, pois ao contrário vou trabalhar com a roupa repleta de poeira. Faço o trajeto de ida e volta da Warta uma vez por dia e durante a tarde, porém tenho dó de quem precisa andar neste ônibus várias vezes, porque o tempo não ajuda”, analisa. “Meu cabelo é branco, mas precisa de uma volta pela estrada para ficar marrom”, brinca.

Segundo a TCGL (Transporte­s Coletivos Grande Londrina), “a frota é lavada todos os dias” e no caso específico da linha 427 a empresa tem trocado o carro com frequência para limpeza devido ao tempo seco.

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Poucos metros transitand­o pela estrada rural são suficiente­s para uma nuvem de terra se levantar

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