Folha de Londrina

Vereadores vão seguir afastados

Vereadores aguardavam decisão para saber se retornaria­m nesta semana às funções; defesas vão recorrer no TJ

- Luis Fernando Wiltemburg e Guilherme Marconi Reportagem Local

Ojuiz da 2ª Vara Criminal de Londrina, Délcio Miranda da Rocha, acatou nesta terça-feira (24) pedido do MP (Ministério Público) e prorrogou por mais 180 dias o afastament­o dos vereadores Mario Takahashi (PV ) e Rony Alves (PTB), decretado na deflagraçã­o da Operação ZR3, que investiga esquema de mudanças de zoneamento mediante pagamento de propina. O prazo determinad­o pela Justiça terminou nesta segunda-feira (23), mas as defesas dos parlamenta­res preferiram aguardar o despacho judicial como uma medida de cautela.

O pedido de prorrogaçã­o da medida cautelar foi feito há dez dias. Nele, o MP afirma que a medida é necessária para preservar as testemunha­s de acusação na audiência de instrução do processo criminal, marcado para 16 de outubro, além de preservaçã­o das testemunha­s na CP (Comissão Processant­e) instaurada na Câmara Municipal de Londrina para investigar se houve eventual quebra de decoro por parte dos parlamenta­res. “A prorrogaçã­o se fazia necessária tanto para escorreita produção desta prova tanto na CP quanto na ação penal”, argumentou o promotor Jorge Barreto, coordenado­r do Gaeco.

Na argumentaç­ão, o MP cita o episódio em que o empresário Júnior Zampar – considerad­o testemunha chave do suposto esquema criminoso pelos promotores – se sentiu coagido em seu depoimento na Câmara no dia 6 de julho. A ocorrência levou o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) a abrir processo investigat­ivo para apurar se houve ou não intimidaçã­o. Um dos advogados de defesa chegou a dar voz de prisão contra Zampar no depoimento à CP.

Além do afastament­o, também foi mantida a proibição de os vereadores entrarem no prédio do Legislativ­o, à exceção das ocasiões em que há reunião da CP. O MP considera que, pelo fato de serem o atual presidente e ex-presidente da Câmara, ambos teriam influência sobre os outros parlamenta­res, o que reforça a necessidad­e do afastament­o. “No curso da investigaç­ão, eles poderiam, sim, influencia­r de uma forma que lhes favorecess­e a decisão da CP. Eles têm ascendênci­a sob seus pares”, disse o promotor.

DEFESA

Maurício Carneiro, advogado de Alves, e Anderson Mariano, defensor de Takahashi, já adiantaram que pretendem recorrer da decisão ao TJ ( Tribunal de Justiça) do Paraná. A assessoria de imprensa da Câmara informou que ainda não foi notificada da nova decisão da 2ª Vara Criminal.

Com a manutenção dos afastament­os, permanecem na Câmara Valdir dos Metalúrgic­os (SD) e Tio Douglas (PTB), respectiva­mente, suplentes de Takahashi e Alves.

TESTEMUNHA­S

A decisão na esfera criminal não altera calendário da CP que deve ouvir na quintafeir­a (26) às 9 horas outras três testemunha­s na investigaç­ão interna que apura suposta quebra de decoro com base nos fatos tratados no âmbito da ZR3. Foram arrolados o engenheiro civil e expresiden­te do Sinduscon Norte (Sindicato das Indústrias da Construção Civil), Osmar Ceolin Alves, a ex-presidente do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamen­to Urbano), Ignez Dequech, e o empresário Brasil Filho (os dois últimos também são réus na ação penal).

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Fotos: Marcos Zanutto/02-02-2018 Mario Takahashi vinha presidindo o Legislativ­o municipal até ser afastado pela Justiça
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Rony Alves já foi o presidente da Casa na legislatur­a passada; suplentes seguem nos cargos
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