Vereadores vão seguir afastados
Vereadores aguardavam decisão para saber se retornariam nesta semana às funções; defesas vão recorrer no TJ
Ojuiz da 2ª Vara Criminal de Londrina, Délcio Miranda da Rocha, acatou nesta terça-feira (24) pedido do MP (Ministério Público) e prorrogou por mais 180 dias o afastamento dos vereadores Mario Takahashi (PV ) e Rony Alves (PTB), decretado na deflagração da Operação ZR3, que investiga esquema de mudanças de zoneamento mediante pagamento de propina. O prazo determinado pela Justiça terminou nesta segunda-feira (23), mas as defesas dos parlamentares preferiram aguardar o despacho judicial como uma medida de cautela.
O pedido de prorrogação da medida cautelar foi feito há dez dias. Nele, o MP afirma que a medida é necessária para preservar as testemunhas de acusação na audiência de instrução do processo criminal, marcado para 16 de outubro, além de preservação das testemunhas na CP (Comissão Processante) instaurada na Câmara Municipal de Londrina para investigar se houve eventual quebra de decoro por parte dos parlamentares. “A prorrogação se fazia necessária tanto para escorreita produção desta prova tanto na CP quanto na ação penal”, argumentou o promotor Jorge Barreto, coordenador do Gaeco.
Na argumentação, o MP cita o episódio em que o empresário Júnior Zampar – considerado testemunha chave do suposto esquema criminoso pelos promotores – se sentiu coagido em seu depoimento na Câmara no dia 6 de julho. A ocorrência levou o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) a abrir processo investigativo para apurar se houve ou não intimidação. Um dos advogados de defesa chegou a dar voz de prisão contra Zampar no depoimento à CP.
Além do afastamento, também foi mantida a proibição de os vereadores entrarem no prédio do Legislativo, à exceção das ocasiões em que há reunião da CP. O MP considera que, pelo fato de serem o atual presidente e ex-presidente da Câmara, ambos teriam influência sobre os outros parlamentares, o que reforça a necessidade do afastamento. “No curso da investigação, eles poderiam, sim, influenciar de uma forma que lhes favorecesse a decisão da CP. Eles têm ascendência sob seus pares”, disse o promotor.
DEFESA
Maurício Carneiro, advogado de Alves, e Anderson Mariano, defensor de Takahashi, já adiantaram que pretendem recorrer da decisão ao TJ ( Tribunal de Justiça) do Paraná. A assessoria de imprensa da Câmara informou que ainda não foi notificada da nova decisão da 2ª Vara Criminal.
Com a manutenção dos afastamentos, permanecem na Câmara Valdir dos Metalúrgicos (SD) e Tio Douglas (PTB), respectivamente, suplentes de Takahashi e Alves.
TESTEMUNHAS
A decisão na esfera criminal não altera calendário da CP que deve ouvir na quintafeira (26) às 9 horas outras três testemunhas na investigação interna que apura suposta quebra de decoro com base nos fatos tratados no âmbito da ZR3. Foram arrolados o engenheiro civil e expresidente do Sinduscon Norte (Sindicato das Indústrias da Construção Civil), Osmar Ceolin Alves, a ex-presidente do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano), Ignez Dequech, e o empresário Brasil Filho (os dois últimos também são réus na ação penal).