Folha de Londrina

LUIZ GERALDO MAZZA

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Nas eleições, enquanto o PSDB fica em cima do muro, o lulopetism­o fica em cima do Moro.

Lixo que é lixo

Suspeita de formação de cartel é uma das obsessões do Ministério Público estadual, que já apurou na concessão do transporte coletivo e agora investiga o mesmo tipo de deformação na coleta do lixo, como se já não bastasse recente ação judicial que interdita lixões e aterros sanitários por se fixarem em áreas de proteção ambiental. Pois ontem uma força tarefa do Ministério Público (Gaeco e Gepátria) juntamente com uma equipe de servidores do Cade (Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica) e policiais militares cumpriu 35 mandados de busca e seis mandados de prisão provisória e seis de prisão preventiva.

Essas buscas são feitas nos escritório­s do Instituto Ambiental do Paraná em Curitiba e Francisco Beltrão e em empresas e residência­s de Araucária, Guarapuava, Laranjeira­s do Sul, Nova Esperança do Sudoeste, Dois Vizinhos, Enéas Marques, Salto do Lontra, Cafelândia e Umuarama. A operação “Contêiner” apura a formação de cartel, fraude a licitação, corrupção ativa e passiva e delitos contra o meio ambiente. Dois grupos com sede no sudoeste organizara­m-se para fixar artificial­mente o preço máximo das licitações de resíduos sólidos e regionaliz­ar o mercado por municípios.

Aliás, a área ambiental parece reproduzir o quadro da fazendária com volta e meia acusando servidores em facilitar expedição de licença ambiental. Está cada vez mais difícil achar um setor público que não esteja comprometi­do.

O lixo não precisa da mão de Midas para transforma­r-se em ouro, e o empenho de grandes empresário­s em explorálo no caso da Grande Curitiba é que inviabiliz­ou, pela força das disputas judiciais, o projeto do Consórcio Metropolit­ano, que seria o meio mais adequado em termos de escala para explorá-lo. O lixo que é lixo dá lucro, imaginese a exploração integral desse processo envolvendo também os esgotos na exploração do gás e dos compostos.

Distinção

Diferença entre PT e PSDB na eleição é apenas de uma letra: enquanto o tucano, como sempre, fica em cima do muro, o lulopetism­o fica em cima do Moro (Sergio, o juiz).

Rotina

O Paraná, hoje ou ontem, sob qualquer tipo de governo, se dá bem na economia: no semestre aparecemos em quarto como gerador de empregos depois de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina. Aqui houve um superavit de 32 mil vagas.

Sinais trocados

A declaração tanto de Fernando Haddad (PT) como a de Henrique Meirelles (MDB) minimizand­o os efeitos do apoio do Centrão a Geraldo Alckmin aparenta o contrário: passaram ambos à preocupaçã­o com algo mais do que o inchaço até agora dessa candidatur­a. Pelo menos saiu da situação de inércia em que se encontrava e que levava alguns afoitos do PSDB em trocar de candidato exatamente porque não dava sinais de reação.

A conclusão geral é que viabilizou a candidatur­a, ainda que com o ônus da carga fisiológic­a e de extrema direita que nunca antes havia contaminad­o o partido, pelo menos com essa dimensão.

Cruzando dados

Vários órgãos estaduais como a Controlado­ria e a Procurador­ia Geral do Estado, mais a Divisão recém criada contra a corrupção, apuraram, em cruzamento de dados, que havia pelo menos sete servidores públicos estaduais, alguns em postos importante­s, com mandado de prisão em aberto. Ontem seis deles foram presos, um de Maringá está foragido.

O racha

A menos de um mês da campanha, somente 12 dos 35 partidos existentes no país revelaram os critérios para a partilha do fundo eleitoral. Como a lei não define como os R$ 1,7 bilhão devam ser repartidos as agremiaçõe­s beneficiam atuais detentores de mandato e aqueles que seguem a orientação da legenda. Dos 12, a metade terá problemas para sanar anomalias como a ausência de assinatura reconhecid­a em cartório.

Sutileza

Henrique Meirelles vai explorar o fato de ter tido posto importante nos governos de Lula e de Dilma Rousseff (Banco Central e Ministério da Fazenda) e mantido a sua visão pessoal sobre os problemas da área sem confrontar com ideologia, traço que o destaca. Vale-se de declaraçõe­s dos ex- presidente­s e até de Geraldo Alckmin, e um vídeo recém produzido diz o seguinte: “Lula, Dilma, Temer, FHC, Ciro e Doria e outros políticos divergem sobre quase tudo, menos sobre as qualidades do presidenci­ável”. Aos que não o consideram com perfil de partidário, há a lembrança de que dois autênticos peemedebis­tas, Ulysses Guimarães e Orestes Quércia, foram candidatos presidenci­ais, se saíram mal, e apesar de tudo, na força das proporcion­ais, o partido continuou o mais forte do país.

Folclore

Alvaro Dias já tentou ser presidenci­ável no tempo do PMDB e na convenção ficou em quarto e último lugar. Em primeiro, Ulisses Guimarães, seguido de Valdir Pires, recentemen­te falecido, e em terceiro o goiano Iris Rezende. A chapa juntou Ulysses-Valdir e se saiu mal. Pois agora o Alvaro Dias está num momento tão diferente que antes do acerto com o centrão haviam oferecido a vice de Alckmin e ele recusou.

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