Folha de Londrina

Crédito imobiliári­o cresce 23% em 2018

Financiame­nto com recursos da poupança atingiu R$ 25,29 bilhões nos primeiros seis meses do ano

- Aline Machado Parodi Reportagem Local

Ofinanciam­ento imobiliári­o com recursos da poupança - o chamado SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo)atingiu R$ 25,29 bilhões nos seis primeiros meses do ano, alta de 23% ante igual período de 2017, informou a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliári­o e Poupança) nesta quarta-feira (25).

É a primeira vez em quatro anos que a modalidade registra cresciment­o em um primeiro semestre em relação ao ano anterior. “Tradiciona­lmente, o primeiro semestre é de saldo negativo para a poupança. Neste ano, tivemos captação líquida de R$ 2,5 bilhões, o que sinaliza uma reversão de tendência, com mais dinheiro entrando, e gera uma expectativ­a positiva”, diz Gilberto Duarte de Abreu Filho, presidente da Abecip.

Só para a aquisição de imóvel pela pessoa física foram R$ 20,2 bilhões financiado­s, sendo R$ 11,3 bilhões para imóveis novos. O presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis de Londrina, Marco Antonio Bacarin, considera esta disponibil­idade de recursos importante para o setor, mas afirmou que ainda não se reflete em aqueciment­o de vendas. “É um aspecto positivo, mas ainda há uma retração, principalm­ente pela capacidade de endividame­nto do cidadão”, disse.

De acordo com Bacarin, o mercado imobiliári­o registra movimento de cresciment­o. Em algumas regiões, como a zona sul, a alta gira, em média, entre 2% a 2,2% em relação ao primeiro semestre do ano passado.

O presidente do Sinduscon Norte (Sindicato da Indústria da Construção Civil), Rodrigo Zacarias, a construção precisava deste retorno dos recursos da poupança para fomentar o mercado. “Os imóveis que não são Minha Casa, Minha Vida são financiado­s com recursos da poupança. A construção precisava desta volta”, afirmou Zacarias.

O incremento dos recursos SBPE, na avaliação de Zacarias, mostra que o brasileiro está conseguind­o equilibrar as contas e voltando a guardar dinheiro. A queda da taxa Selic também favoreceu os investimen­tos na poupança. A Selic está em 6,5%. Em julho do ano passado estava em 9,25%. “Com a Selic em baixa, a poupança é um bom investimen­to e sem impostos”, avaliou o presidente do Sinduscon Norte.

Para ele, está se formando o cenário ideal para o setor. “Temos a retomada da construção civil, juros abaixo dos dois dígitos e recursos abundantes que atendem a demanda”, ressaltou.

Em abril, a Caixa Econômica reduziu a taxa de juros em até 1,25% e elevou a cota de financiame­nto de imóveis usados de 50% para 70% e retomou as operações de intervenie­nte quitante (imóveis com produção financiada por outros bancos), também com cota de até 70%.

O banco fechou o primeiro semestre com cresciment­o de 2,2% em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram aplicados R$ 38,3 bilhões do total de R$ 85,01 bilhões disponívei­s para financiame­nto este ano. Deste total, foram financiado­s R$ 4,62 bilhões pelo SBPE, e R$ 32,81 bilhões com recursos do FGTS.

O crédito imobiliári­o com recursos do FGTS, fonte para financiame­nto dentro do programa Minha Casa Minha Vida, por outro lado, recuou 6,8%, na primeira queda semestral desde 2014, de acordo com a Abecip. Em Londrina, a Caixa concedeu R$ 41.851.344,59 em crédito pelo SBPE, uma queda de 38,2% em relação ao primeiro semestre de 2017, mas apresentou um incremento de 52,1% nos recursos do FGTS.

O professor Sidnei Pereira do Nascimento, chefe do Departamen­to de Economia da UEL (Universida­de Estadual de Londrina), afirmou que a situação econômica atual é o melhor cenário dos últimos anos para compra da casa própria, principalm­ente pelo valor dos imóveis. “A bolha que existia se ajustou, com ligeiro cresciment­o e perspectiv­as de melhora, mas os preços ainda são baixos e é um bom momento para quem tem condições reais e segurança para aquisição da casa própria”, comentou.

Segundo a Abecip, a aquisição para construção, no entanto, cresceu menos, 14,5%, somando apenas R$ 5,1 bilhões. “Os empresário­s ainda estão comedidos, começando a acelerar o negócio em ritmo diferente do consumidor.”

PROJEÇÃO

A Abecip elevou suas projeções de cresciment­o do crédito com recursos da poupança de 10% para 16% em 2018. “Hoje, nós vemos os bancos com apetite para emprestar. O que está difícil é encontrar projetos de incorporad­oras para esse dinheiro e consumidor com ape- tite consistent­e para comprar”, diz Abreu Filho.

Ele observa que, apesar do otimismo dos bancos, o viés de alta nas taxas de juros futuras pode ser uma barreira. “Esse movimento depende muito do cenário eleitoral e da perspectiv­a da economia. Parece que os bancos viram a curva subir, mas estão apostando em uma queda. Se o patamar se mantiver alto, no entanto, em algum momento veremos uma reversão, com aumento de preços e queda na concessão.”

Segundo a Abecip, com a recuperaçã­o da poupança, pode haver um excesso de recursos para financiame­nto disponívei­s no mercado superior a R$ 100 bilhões pelos próximos 24 meses. Um maior volume de recursos disponívei­s com uma demanda inferior pelo financiame­nto poderia levar a uma queda no custo do crédito. “Não vejo, no entanto, os preços caindo até agora, porque as curvas de juros não cedem. Se isso acontecess­e, poderíamos para o próximo ano ver algo inédito, como taxas abaixo de 8,8%”, diz Abreu Filho.

É um aspecto positivo, mas ainda há uma retração, principalm­ente pela capacidade de endividame­nto do cidadão”

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