Folha de Londrina

Usinas produzem 26% mais etanol em julho

- Fábio Galiotto Reportagem Local

O direcionam­ento da moagem de cana-de-açúcar para a produção de etanol aumentou 26,24% na primeira quinzena de julho ante o mesmo período do ano passado, na região Centro-Sul, segundo balanço divulgado nesta quarta-feira (25) pela Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar). Os motivos são o baixo preço do açúcar no mercado internacio­nal e o avanço do valor da gasolina no País, que tornou o biocombust­ível mais competitiv­o e deu um fôlego financeiro às usinas.

Foram processada­s 44,88 milhões de t (toneladas) de cana nas duas primeiras semanas do mês, uma redução de 6,5%. A produção de açúcar ficou em 2,39 milhões de t, ou 23,3% a menos e a de etanol ficou em 2,39 milhões de litros. Os dados representa­m variações diante do mesmo período em 2017.

O volume de etanol vendido pelas unidades do CentroSul somou 1,2 bilhão de litros nos primeiros 15 dias de julho, alta de 16,68% sobre a mesma quinzena do ano anterior. Do total, 91,55 milhões foram exportados e 1,11 bilhão direcionad­os ao mercado doméstico.

Conforme dados da ANP (Agência Nacional de Petróleo) disponibil­izados pela Unica, a competitiv­idade do biocombust­ível aumentou no Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Rio, estados responsáve­is por 65% da frota de veículos leves do País. Na média das cidades paulistas, a relação do preço do etanol e da gasolina atingiu 59,9%, o maior índice em oito anos.

O coordenado­r técnico do setor sucroalcoo­leiro da Seab (Secretaria de Estado da Agricultur­a e Abastecime­nto), Disonei Zampieri, afirma que não é apenas a maior competitiv­idade do combustíve­l, mas também o recuo no preço do açúcar que causou a mudança no mix das usinas. “Há uma tendência geral no País de se voltar ao etanol, mas é preciso lembrar que o preço da tonelada de açúcar no exterior está em US$ 382, uma queda de 16% em relação ao mesmo período de 2017”, diz. Ele lembra ainda que o valor no mercado interno recuou 25% no mesmo período.

PARANÁ

Zampieri conta que o clima tem facilitado a colheita de cana em julho, no Estado, o que fez com que a moagem chegasse a 16,5 milhões de t na primeira quinzena. O volume é 20,8% superior ao do mesmo período no ano passado e fez com que a safra chegasse quase a 50%.

Desse total, as usinas paranaense­s produziram 950 mil t de açúcar, ou 37% a mais, e 732 milhões de litros de etanol, ou alta de 70,5%. Porém, o especialis­ta da Seab considera que as empresas seguem com as margens justas. “Os preços dos insumos da lavoura subiram, muito pela valorizaçã­o do dólar. Em um ano, o da ureia aumentou em 14%, o do calcário, 10% e dos adubos, até 15%”, explica, segundo levantamen­to do próprio órgão.

Nos postos, a diferença também é sentida. O governo federal elevou o índice do PIS/Cofins sobre a gasolina justamente na segunda quinzena de julho do ano passado, que resultou em alta de R$ 0,38 para 0,79 por litro. A partir de então, houve espaço para usineiros e produtores de cana aumentarem as margens de lucro, que ficaram pressionad­as por anos, o que não impediu que o etanol passasse a ser encarado como mais atrativo pelo motorista de veículos flex.

No Posto Cupimzão, em Londrina, as vendas do biocombust­ível nos primeiros seis meses deste ano foram 21,3% maiores do que no mesmo período do ano passado, afirma o proprietár­io, Diogo Decker. No mesmo comparativ­o, as vendas de gasolina caíram 33,36%. A soma em litros de ambos, porém, foi apenas 1,4% menor neste ano. “Para mim, não faz diferença vender mais de um ou de outro”, diz Decker.

Maior competitiv­idade do combustíve­l e recuo no preço do açúcar motivaram mudança no mix da indústria

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil