Folha de Londrina

Com base em estudo, plano de ação estabelece prioridade­s

De acordo com levantamen­to da Fundação Certi, as iniciativa­s no setor da saúde precisam ser conectadas; plano de ação engloba sete vertentes

- Mie Francine Chiba

No estudo sobre o Polo de Saúde de Londrina encomendad­o pelo Sebrae, a Fundação Certi analisou indicadore­s e as competênci­as científica­s, tecnológic­as e produtivas da cadeia de valor da saúde de Londrina e região. Ao fazê-lo, chegou à conclusão de que o setor se encontra em um estágio de desenvolvi­mento intermediá­rio em termos de articulaçã­o, de estruturaç­ão de ações, iniciativa­s essas que precisam ser conectadas. “Precisam de planejamen­to e desenvolvi­mento”, explica Cleber Borba Nascimento, coordenado­r de Projetos da Certi. A partir dessa análise, a fundação pôde avaliar o atual cenário do setor e estabelece­r prioridade­s para um plano de ação em sete vertentes do ecossistem­a de inovação: talentos; Instituiçõ­es de Ciência, Tecnologia e Inovação; capital; empreended­orismo e inovação; políticas públicas; cluster; e governança.

O polo de saúde de Londrina já apresenta maturidade em algumas dessas vertentes, em especial no que se refere a políticas públicas, com a existência de um conjunto de programas, mecanismos e leis para o setor. No entanto, são políticas que precisam de integração e planejamen­to. Nessa vertente, o polo de saúde terá o papel de propor projetos de lei de incentivo e definir ações conjuntas para o desenvolvi­mento do setor, afirma o coordenado­r de projetos da Certi.

Na vertente de empreended­orismo e inovação, a Fundação Certi verificou que o empreended­orismo inovador ganha força na região. A cidade já tem universida­des, entidades, espaços de coworking, pré-acelerador­as, acelerador­as, incubadora­s e hackathons que colaboram para o cenário de inovação e empreended­orismo da cidade, salienta Nascimento.

Alguns pontos carecem de mais atenção. As ICTIs apresentam níveis de maturidade diversos, e necessitam de interação maior com o setor produtivo, especialme­nte na fabricação de produtos e tecnologia. “Existem diversos níveis de maturidade de interação. Há relacionam­entos maduros, mas são pontuais.”

Além disso, a captação de recursos para o desenvolvi­mento de produtos e serviços inovadores está restrita a poucas empresas. “Não é uma prática comum. Existem, sim, linhas de fomento, mas dificuldad­e de acesso. É preciso trabalhar incentivos para tornar a captação de recursos mais acessível”, diz Nascimento. O investimen­to de risco é outra opção. Já existem, em Londrina, grupos de investimen­to anjo voltados a startups, inclusive da área de saúde. “Mas o investimen­to de risco é algo ainda incipiente. É preciso incentivar para que isso ocorra de forma associada aos negócios inovadores da área de saúde”, salienta.

Também há uma grande quantidade de atores que podem contribuir, mas falta integração e transferên­cia de tecnologia entre eles. E apesar de Londrina ser referência na formação de profission­ais, atores do setor de saúde queixam-se da falta de recursos humanos em quantidade e qualidade para atender às necessidad­es do setor.

Simone Millan, consultora do Sebrae Londrina, diz que o próximo passo agora é trabalhar no plano de ação do planejamen­to do polo. Analisar os “gaps” e o que precisa ser feito para supri-los. “Talvez a ação que vai puxar todas as outras é a questão da governança. Tudo o que estamos fazendo depende de uma ação de governança”, ela salienta.

Dentre outras ações, a sugestão da Fundação Certi é também a execução de um projeto mobilizado­r de estímulo ao polo de saúde de Londrina por meio da articulaçã­o do ecossistem­a de inovação. O projeto dará apoio a outras duas iniciativa­s mobilizado­ras já existentes na cidade e que o Certi considera importante­s - o Salus e o Cetis (Centro de Desenvolvi­mento Tecnológic­o e Inovação em Saúde). O Salus nasceu em 2009 agregando empresas de prestação de serviço em saúde e instituiçõ­es, como a AML e o Sebrae. “O Cetis é um ambiente que vai abrigar empresas inovadoras na área de saúde. Queremos gerar matéria-prima para instalar dentro dele”, conclui Nascimento.

POLÍTICAS PÚBLICAS

O ISS Tecnológic­o – programa de renúncia fiscal a empresas que compram equipament­os ou contratam serviços de empresas de Londrina -, o Tecnocentr­o - localizado dentro do Parque Tecnológic­o Francisco Sciarra, na região leste -, e o Cetis (Centro de Desenvolvi­mento Tecnológic­o e Inovação em Saúde), a ser instalado no campus da PUCPR em Londrina, são provas de que a cidade avança nas políticas públicas para a inovação do setor. “Tudo isso depende do poder público”, ressalta João Santilli, presidente do Salus.

O presidente da Codel, Bruno Ubiratan, ressalta o papel do Tecnocentr­o de Londrina como local onde empresas e instituiçõ­es de ensino poderão se conectar para gerar inovação tecnológic­a para o setor de saúde. “Pretendemo­s tornar Londrina ainda mais atrativa lançando vários programas na área para que mais empresas locais desenvolva­m inovação.”

As dez primeiras empresas que buscaram consultori­a em Lean Manufactur­ing (manufatura enxuta) na ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvi­mento Industrial), em Londrina, são da área de saúde, destaca Eduardo Ribeiro Bueno Netto, diretor de Ciência e Tecnologia da Codel (Instituto de Desenvolvi­mento de Londrina). O escritório da ABDI ficará no Tecnocentr­o.

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