Com base em estudo, plano de ação estabelece prioridades
De acordo com levantamento da Fundação Certi, as iniciativas no setor da saúde precisam ser conectadas; plano de ação engloba sete vertentes
No estudo sobre o Polo de Saúde de Londrina encomendado pelo Sebrae, a Fundação Certi analisou indicadores e as competências científicas, tecnológicas e produtivas da cadeia de valor da saúde de Londrina e região. Ao fazê-lo, chegou à conclusão de que o setor se encontra em um estágio de desenvolvimento intermediário em termos de articulação, de estruturação de ações, iniciativas essas que precisam ser conectadas. “Precisam de planejamento e desenvolvimento”, explica Cleber Borba Nascimento, coordenador de Projetos da Certi. A partir dessa análise, a fundação pôde avaliar o atual cenário do setor e estabelecer prioridades para um plano de ação em sete vertentes do ecossistema de inovação: talentos; Instituições de Ciência, Tecnologia e Inovação; capital; empreendedorismo e inovação; políticas públicas; cluster; e governança.
O polo de saúde de Londrina já apresenta maturidade em algumas dessas vertentes, em especial no que se refere a políticas públicas, com a existência de um conjunto de programas, mecanismos e leis para o setor. No entanto, são políticas que precisam de integração e planejamento. Nessa vertente, o polo de saúde terá o papel de propor projetos de lei de incentivo e definir ações conjuntas para o desenvolvimento do setor, afirma o coordenador de projetos da Certi.
Na vertente de empreendedorismo e inovação, a Fundação Certi verificou que o empreendedorismo inovador ganha força na região. A cidade já tem universidades, entidades, espaços de coworking, pré-aceleradoras, aceleradoras, incubadoras e hackathons que colaboram para o cenário de inovação e empreendedorismo da cidade, salienta Nascimento.
Alguns pontos carecem de mais atenção. As ICTIs apresentam níveis de maturidade diversos, e necessitam de interação maior com o setor produtivo, especialmente na fabricação de produtos e tecnologia. “Existem diversos níveis de maturidade de interação. Há relacionamentos maduros, mas são pontuais.”
Além disso, a captação de recursos para o desenvolvimento de produtos e serviços inovadores está restrita a poucas empresas. “Não é uma prática comum. Existem, sim, linhas de fomento, mas dificuldade de acesso. É preciso trabalhar incentivos para tornar a captação de recursos mais acessível”, diz Nascimento. O investimento de risco é outra opção. Já existem, em Londrina, grupos de investimento anjo voltados a startups, inclusive da área de saúde. “Mas o investimento de risco é algo ainda incipiente. É preciso incentivar para que isso ocorra de forma associada aos negócios inovadores da área de saúde”, salienta.
Também há uma grande quantidade de atores que podem contribuir, mas falta integração e transferência de tecnologia entre eles. E apesar de Londrina ser referência na formação de profissionais, atores do setor de saúde queixam-se da falta de recursos humanos em quantidade e qualidade para atender às necessidades do setor.
Simone Millan, consultora do Sebrae Londrina, diz que o próximo passo agora é trabalhar no plano de ação do planejamento do polo. Analisar os “gaps” e o que precisa ser feito para supri-los. “Talvez a ação que vai puxar todas as outras é a questão da governança. Tudo o que estamos fazendo depende de uma ação de governança”, ela salienta.
Dentre outras ações, a sugestão da Fundação Certi é também a execução de um projeto mobilizador de estímulo ao polo de saúde de Londrina por meio da articulação do ecossistema de inovação. O projeto dará apoio a outras duas iniciativas mobilizadoras já existentes na cidade e que o Certi considera importantes - o Salus e o Cetis (Centro de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação em Saúde). O Salus nasceu em 2009 agregando empresas de prestação de serviço em saúde e instituições, como a AML e o Sebrae. “O Cetis é um ambiente que vai abrigar empresas inovadoras na área de saúde. Queremos gerar matéria-prima para instalar dentro dele”, conclui Nascimento.
POLÍTICAS PÚBLICAS
O ISS Tecnológico – programa de renúncia fiscal a empresas que compram equipamentos ou contratam serviços de empresas de Londrina -, o Tecnocentro - localizado dentro do Parque Tecnológico Francisco Sciarra, na região leste -, e o Cetis (Centro de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação em Saúde), a ser instalado no campus da PUCPR em Londrina, são provas de que a cidade avança nas políticas públicas para a inovação do setor. “Tudo isso depende do poder público”, ressalta João Santilli, presidente do Salus.
O presidente da Codel, Bruno Ubiratan, ressalta o papel do Tecnocentro de Londrina como local onde empresas e instituições de ensino poderão se conectar para gerar inovação tecnológica para o setor de saúde. “Pretendemos tornar Londrina ainda mais atrativa lançando vários programas na área para que mais empresas locais desenvolvam inovação.”
As dez primeiras empresas que buscaram consultoria em Lean Manufacturing (manufatura enxuta) na ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), em Londrina, são da área de saúde, destaca Eduardo Ribeiro Bueno Netto, diretor de Ciência e Tecnologia da Codel (Instituto de Desenvolvimento de Londrina). O escritório da ABDI ficará no Tecnocentro.