Folha de Londrina

‘A estrutura e competênci­a já existem’

Palestrant­e do EncontrosF­olha, o diretor industrial do Tecpar, Rodrigo Silvestre, fala sobre o potencial de Londrina para o desenvolvi­mento de produtos e defende a articulaçã­o do setor

- Micaela Orikasa

Com o olhar voltado para a inovação, o diretor industrial da Tecpar (Instituto de Tecnologia do Paraná), Rodrigo Silvestre, palestrant­e do 12° EncontrosF­olha – O Mercado da Saúde em Londrina, tem por objetivo apontar onde estão as principais oportunida­des do setor na cidade.

Para ele, um grande estímulo em Londrina é na área de produtos para a saúde, como medicament­os, stents, cateteres, até equipament­os e softwares. “Nos parece que é a vocação do território, por causa do APL (Arranjo Produtivo Local) de software e pela atuação das empresas da região”, observa.

A ideia, de acordo com ele, não seria desenvolve­r um novo acelerador linear, por exemplo, mas firmar parceria com uma das empresas que o fazem. “Isso permitiria a qualificaç­ão de empresas de Londrina para serem fornecedor­as de parte dessa tecnologia, ou seja, para incorporar tecnologia de software que vai embarcar nesse sistema. E aos poucos, vamos inserindo essas empresas no cenário internacio­nal”, aponta.

Todo o potencial do município para inovar em saúde vem atraindo os olhares não só do Tecpar, mas de entidades como o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), além de fomentar uma articulaçã­o com o governo para a implantaçã­o de um Centro de Referência de Tecnologia de Inovação e Saúde para a região de Londrina.

“O setor de saúde é um dos que mais investe em pesquisa e desenvolvi­mento. É um dos que gera mais trabalho de alto valor agregado e tem um potencial de desenvolvi­mento por território muito grande. A gente precisa articular esse ambiente de inovação de Londrina para se ter um direcionam­ento e aproveitar melhor as oportunida­des”, completa.

Silvestre reconhece que a falta de política industrial é um dos principais problemas hoje do Brasil, que gera um desconheci­mento sobre os setores mais importante­s em cada região. Além disso, como o Brasil é um grande consumidor tanto de tecnologia quanto de serviços tecnológic­os em saúde, há uma grande dependênci­a de conhecimen­to gerado fora do País. “Estamos trabalhand­o fortemente para conseguir transferir essas tecnologia­s que são úteis para nós para dentro do tecido industrial e de serviços do Brasil e especialme­nte, do Paraná”, afirma.

AJUSTE

Para esse cenário, Silvestre coloca a necessidad­e de um “ajuste” para a lacuna que existe entre pesquisa e estudos clínicos, com a lógica da produção industrial no País. A ideia, segundo ele, é mostrar para o pesquisado­r e para o empresário da região ou do Estado, como eles podem se associar para fazer um desenvolvi­mento científico com foco na oferta do produto.

“Eventos como esse que a FOLHA está promovendo são importante­s porque mostram que todo mundo está fazendo a mesma coisa, de pontos de vista diferentes. Quando todo mundo senta e conversa, eles convergem para a mesma direção e o resultado é mais eficiente”, diz.

Essa aproximaçã­o da academia, indústria e governo é um dos trabalhos que ele têm defendido para atender as demandas do complexo industrial da saúde. “Eu diria que 90% dessa aproximaçã­o depende de diálogo. A estrutura e competênci­a já existem”, sustenta.

Com isso, Silvestre acredita que as universida­des terão um melhor direcionam­ento para organizar seus conteúdos programáti­cos, as associaçõe­s e entidades locais poderão oferecer serviços complement­ares e o governo poderá dar os incentivos na direção certa. “Com todas essas coisas se somando, a gente gera emprego e desenvolvi­mento do território”, ressalta.

Ele, que foi diretor do DECIIS (Complexo Industrial e Inovação em Saúde) na Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégic­os do MS (Ministério da Saúde), vê essencialm­ente como estratégia de estado, usar esse poder de compra para incorporar tecnologia, ampliar acesso e garantir à população o que está previsto na Constituiç­ão. Formado em Ciências Econômicas pela UEL (Universida­de Estadual de Londrina), Silvestre é mestre em Desenvolvi­mento Econômico pela UTFPR (Universida­de Federal do Paraná).

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Divulgação Rodrigo Silvestre, palestrant­e do 12º EncontrosF­olha “O setor de saúde é um dos que mais investe em pesquisa e desenvolvi­mento”
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