Folha de Londrina

CLÁUDIO HUMBERTO

Juiz comenta pela primeira vez episódio envolvendo soltura de Lula que resultou em pedido de explicaçõe­s por parte do CNJ

- José Marques Folhapress

Persiste no Brasil uma regra dispendios­a que ordena a posse dos vices quando o titular se ausenta

São Paulo - Duas semanas após questionar a competênci­a de um juiz do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) que concedeu habeas corpus ao ex-presidente Lula, o juiz Sergio Moro disse nesta quarta-feira (25) que há precedente­s para ter assinado o despacho mesmo durante suas férias.

Sem entrar em detalhes a respeito da decisão do dia 8, em que não cumpriu determinaç­ão do juiz que estava de plantão no tribunal, Rogério Favreto, Moro falou sobre o episódio em evento promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo.

“A imprensa vive questionan­do o juiz porque as férias são muito longas com alguma razão, aí quando o juiz trabalha, mas nas férias, também critica”, disse, em meio a risos da plateia, em teatro na zona oeste da capital paulista. “Mas isso [decisão durante as férias] tem precedente­s”, acrescento­u.

O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) intimou Moro, Favreto e João Pedro Gebran Neto, o relator da Lava Jato no TRF-4, a se explicarem sobre a guerra de decisões a respeito da soltura de Lula, que terminou com a determinaç­ão de manter o ex-presidente preso. Questionad­o sobre a situação, Moro preferiu não se manifestar.

“Isso envolve processos que eu ainda conduzo, gerou uma representa­ção no CNJ no qual eu apresentei a minha resposta e mesmo na decisão do dia eu apresentei as minhas razões”, disse o juiz. “Podem me acusar de muita coisa, mas sempre agi com absoluta transparên­cia em minhas decisões e sempre coloquei as minhas razões. Infelizmen­te por questões relacionad­as ao meu trabalho eu não tenho a possibilid­ade completa de debater isso numa entrevista.”

Participar­am do evento, além de Moro, o advogado criminalis­ta Antonio Claudio Mariz de Oliveira e o promotor do MPSP (Ministério Público de São Paulo) Marcelo Mendroni. Eles discutiram temas como execução de prisão após condenação em segunda instância e combate à corrupção.

Após Mariz ter defendido uma “solução intermediá­ria”, como prisão após decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Moro discordou.

Segundo ele, o tribunal tem problemas similares ao STF (Supremo Tribunal Federal), como o excesso de processos para julgar, que leva ao atraso em decisões e à prescrição de casos.

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“Imprensa vive questionan­do o juiz porque as férias são muito longas, aí quando o juiz trabalha, mas nas férias, também critica”, ironizou Moro em evento em SP
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