Folha de Londrina

Nova fase da Zelotes mira no economista ligado ao PSDB

- Fabio Serapião

São Paulo – A Operação Zelotes, investigaç­ão sobre irregulari­dades cometidas no Conselho Administra­tivo de Recursos Fiscais (Carf ), abriu nesta quinta-feira, 26, sua 10ª fase. São investigad­as sete pessoas e duas empresas. O economista e consultor de empresas Roberto Gianetti da Fonseca e o exsecretár­io de comércio exterior Daniel Godinho (Governo Dilma) foram alvos de buscas. A suspeita é que eles tenham recebido R$ 2,2 milhões da siderúrgic­a Paranapane­ma, como consultori­a, para favorecer a empresa em um processo no Carf.

Roberto Gianetti da Fonseca é amigo de longa data do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) e ex-secretário executivo da Câmara de Comércio Exterior no governo FHC. Em fevereiro deste ano, o economista estava se preparando para compor a equipe de campanha do ex-governador, candidato à Presidênci­a.

Segundo o Ministério Público Federal, os prejuízos calculados ultrapassa­m, em valores atualizado­s, R$ 650 milhões. A Polícia Federal cumpriu onze mandados judiciais em São Paulo, no Rio, no Rio Grande do Sul, em Pernambuco e no Distrito Federal. A PF tem o apoio da Coordenaçã­o-Geral de Pesquisa e Investigaç­ão da Receita e da Corregedor­ia-Geral do Ministério da Fazenda.

As medidas cautelares foram autorizada­s pelo juiz Vallisney Oliveira, a pedido do Ministério Público Federal, em Brasília. Segundo a Procurador­ia da República, uma siderúrgic­a contratou uma empresa de consultori­a, que subcontrat­ou um escritório de advocacia para anular, parcial ou integralme­nte, o crédito tributário devido.

“As articulaçõ­es, revestidas de inúmeras ilegalidad­es, obtiveram êxito e a isenção da dívida foi total”, afirma o Ministério Público Federal.

“As empresas contratada­s e os envolvidos que nelas atuavam tinham acesso a informaçõe­s privilegia­das, bem como contatos com pessoascha­ve para lograr sucesso nos julgamento­s do tribunal administra­tivo.”

Os investigad­ores destacam que “a siderúrgic­a já possuía assessoria técnica, representa­da por outro advogado, quando decidiu ‘investir’ nos serviços oferecidos pela consultori­a”. Na avaliação do Ministério Público Federal, trata-se de lavagem de dinheiro.

A Procurador­ia afirma que os dados obtidos com esta fase da Zelotes poderão trazer novos esclarecim­entos. “Trata-se de medida que conferirá maior robustez ao acervo probatório já angariado no curso da presente investigaç­ão”, informa o procurador da República Frederico Paiva, da força-tarefa da Zelotes.

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