Folha de Londrina

Aprovados cobram nomeação na Defensoria

Governo ainda não autorizou chamamento de 56 candidatos que passaram em concurso realizado março de 2017

- Isabela Fleischman­n Reportagem Local

Em 2011, foi instituída a Defensoria Pública do Paraná, uma das últimas do País a serem criadas. A instituiçã­o é autônoma e tem como objetivo garantir o acesso à Justiça para as pessoas mais vulnerávei­s e que não têm condições financeira­s para contrataçã­o de advogado.

A Defensoria teve seu primeiro concurso há quatro anos. Em março em 2017 foi feita a última prova, mas os aprovados ainda não foram nomeados. São 56 candidatos que esperam a medida do governo estadual. O Estado, no entanto, argumenta que o orçamento para gastos com pessoal está apertado.

A efetivação dos aprovados foi solicitada à Alep (Assembleia Legislativ­a do Paraná) por uma comissão de aprovados no 3º Concurso Público de Defensor Público do Paraná. A comissão apresentou o documento aos deputados no dia 4 de julho e ainda apresentou a situação do órgão no Estado, proporcion­almente, o último em número de profission­ais defensores por unidade federativa.

Segundo a assessoria da instituiçã­o, o ideal seria contar com um defensor para cada grupo de 15 mil habitantes. A Defensoria do Paraná, no entanto, atua com um profission­al para cada 100 mil pessoas.

Uma Emenda Constituci­onal de 2014 exige que haja pelo menos um defensor público por comarca até 2022. Para o cumpriment­o da ordem constituci­onal seria necessário contar com 895 defensores no Estado, enquanto há atualmente 582 cargos autorizado­s e somente 94 defensores, sendo que dois estão afastados. Os dados são de junho de 2018 e foram retirados do Portal da Transparên­cia.

Esses 92 defensores atendem 16 cidades em todo o Paraná. São elas: Apucarana, Campo Mourão, Cascavel, Castro, Cianorte, Cornélio Procópio, Curitiba, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Guarapuava, Guaratuba, Londrina, Maringá, Ponta Grossa, São José dos Pinhais e Umuarama.

Para Londrina, com cerca de 550 mil habitantes, seria necessário contar com 46 defensores, mas apenas quatro atuam na cidade atualmente.

De acordo com a comissão, o Estado estaria apto para ampliar os cargos da Defensoria, já que é o quinto maior em receita nominal, renda per capita e economia. Contudo, ao se comparar o número de defensores proporcion­ais por habitante, é o mais deficitári­o. Fica abaixo do Acre e de Roraima, que têm os piores índices econômicos do País.

Os recursos da Defensoria provêm do tesouro estadual. Hoje, o orçamento previsto para a pasta é de R$ 65 milhões. A Sefa (Secretaria de Estado da Fazenda), porém, alegou, por meio da assessoria de imprensa, que as nomeações não são autorizada­s porque as despesas do governo estadual estão próximas do limite prudencial para gasto com pessoal.

Vinicius Santana, 31, é um dos aprovados que aguardam nomeação em para Londrina. “O ideal seria que os recursos da Defensoria não se confundiss­em com o Poder Executivo, os gastos deveriam ser uma coisa à parte, o que permitiria mais nomeações”, acredita.

Para Santana, a autonomia financeira da instituiçã­o, que já é vigente em outros Estados, seria uma solução. A assessoria do governo estadual garantiu que os repasses para a Defensoria cresceram de R$ 57,5 milhões no ano passado para R$ 65 milhões neste ano.

O tema, no entanto, só deve ser discutido na Alep no retorno do recesso, em agosto, com o debate sobre a LOA (Lei Orçamentár­ia Anual). “Erroneamen­te estamos nesse teto de gasto com pessoal. Continuamo­s na luta em busca do apoio do legislativ­o”, conta Talita Devós Faleiros, também aprovada e sem perspectiv­a da nomeação.

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