Folha de Londrina

Só 13% dos oceanos estão livres de impactos humanos

- Fábio de Castro

São Paulo - Uma parcela de apenas 13% dos oceanos do planeta ainda pode ser classifica­da hoje como “vida marinha selvagem” - isto é, intocada por influência­s humanas -, de acordo com um novo estudo realizado por um grupo internacio­nal de cientistas e publicado nesta quinta-feira (26) na revista científica “Current Biology”.

De acordo com os autores da pesquisa, o trabalho é a primeira análise sistemátic­a da vida marinha selvagem com abrangênci­a global. Segundo eles, essas áreas, importante­s para a biodiversi­dade marinha, estão atualmente distribuíd­as de forma assimétric­a, concentran­dose especialme­nte no Ártico, na Antártica e em torno de remotas ilhas do oceano Pacífico. Praticamen­te nada restou nas regiões costeiras dos continente­s.

“Essas áreas marinhas que podem ser considerad­as intocadas estão se tornando cada vez mais raras, enquanto as frotas de navios pesqueiros e de carga expandem seu alcance por quase todos os oceanos do mundo, ao mesmo tempo em que o escoamento de sedimentos sufoca áreas costeiras”, disse o autor principal do estudo, Kendall Jones, da Universida­de de Queensland, na Austrália.

Os cientistas usaram dados classifica­dos em 19 categorias de impactos humanos, incluindo navegação comercial, escoamento costeiro de fertilizan­tes e de sedimentos e vários tipos de atividades pesqueiras, consideran­do seu impacto cumulativo. No critério utilizado no mapeamento, foram considerad­as como áreas de vida selvagem marinha aquelas nas quais o impacto dessas categorias foram menores que 10%.

“Ficamos atônitos ao descobrir como sobraram tão poucos remanescen­tes de vida marinha selvagem. Os oceanos são imensos e cobrem mais de 70% da superfície do nosso planeta, mas nós já conseguimo­s provocar impacto consideráv­el em quase todo esse vastíssimo ecossistem­a”, disse Jones.

Em terra firme, o rápido declínio da vida selvagem tem sido bem documentad­o, de acordo com o pesquisado­r, mas a ciência sabe muito menos sobre a situação da vida selvagem marinha.

O estudo também concluiu que menos de 5% da vida selvagem marinha está atualmente sob proteção, sendo a maior parte em ecossistem­as bem distantes das costas. Uma quantidade muito pequena de vida selvagem protegida foi encontrada em áreas de alta biodiversi­dade, como recifes de corais.

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Shuttersto­ck Trabalho é a primeira análise sistemátic­a da vida marinha selvagem com abrangênci­a global

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