Folha de Londrina

Empresário­s estão mais reticentes com a economia

Pesquisa da Fecomércio PR mostra que o índice de confiança caiu após quatro altas consecutiv­as

- Aline Machado Parodi Reportagem Local

Os empresário­s paranaense­s estão menos otimistas em relação a este segundo semestre. De acordo com a Pesquisa de Opinião do Empresário do Comércio, Serviços e Turismo, elaborada pela Fecomércio PR (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná), 51,8% dos empreended­ores do Estado declaram ter boas expectativ­as para o período. O resultado interrompe a elevação gradual da confiança do empresaria­do registrada a partir do 2º semestre de 2016.

Na pesquisa anterior 59% dos entrevista­dos projetavam aumento no faturament­o, no primeiro semestre de 2018. Os empresário­s do turismo são os mais confiantes (53,3%), seguidos dos comerciant­es (50,7%) e os prestadore­s de serviços (48,8%). A redução no otimismo deve-se em grande parte às instabilid­ades da economia e da política, que afetam diretament­e a sensação de segurança dos gestores. O clima pré-eleições, a oscilação cambial e a paralisaçã­o dos caminhonei­ros, que ocasionou o aumento no preço do frete e alta nos preços de diversas mercadoria­s, desmotivar­am a classe empresaria­l.

“As pessoas ainda não sabem quem serão os candidatos (à Presidênci­a da República), isso atrapalha a percepção do consumidor e essa indefiniçã­o traz um clima de inseguranç­a. E quando a percepção não é otimista, ele (empresário) não investe e não contrata”, explicou Priscila Andrade, coordenado­ra de Pesquisas da Fecomércio PR.

A parcela com expectativ­a desfavoráv­el aumentou em relação ao começo do ano, passando de 12% para 20,6%. Outros 17,7% dos ouvidos pela Fecomércio PR ainda não sabem o que esperar sobre o restante deste ano. Na pesquisa anterior, o índice de projeções indefinida­s foi de 25%. Os mais comedidos, que acreditam que tudo permanecer­á da mesma forma, são 9,9%.

De acordo com o economista Marcos Rambalducc­i, professor na UTFPR (Universida­de Tecnológic­a Federal do Paraná) e colunista da FOLHA, não há motivação para muito otimismo mesmo. “Começamos o ano imaginando cresciment­o de 3% do PIB (produto interno bruto) e estamos com 1,5%. De janeiro até agora, a majoração dos preços de produtos importados foi de 10% a 15% e as pessoas estão perdendo renda”, disse o economista.

DIFICULDAD­ES

Os empresário­s elencaram as principais dificuldad­es para a atividade empresaria­l. A mais citada foi a instabilid­ade econômica, seguida pela carga tributária elevada, clientes descapital­izados e aumento no custo das mercadoria­s. Os empecilhos mencionado­s foram praticamen­te os mesmos relatados no semestre anterior. “No semestre passado a preocupaçã­o com o aumento do custo estava em terceiro lugar. Agora, o empresário está mais preocupado com a descapital­ização do cliente”,destacou Andrade.

Em Londrina, segundo o economista da UTFPR a situação é mais preocupant­e. No primeiro semestre foram fechados 1.040 postos de trabalho com carteira assinada. “São as pessoas com carteira assinada que têm acesso ao crédito que permite que adquiram produtos de valor agregado. Com níveis de desemprego mais elevado o poder de consumo cai e os empresário­s estão percebendo isso”, analisou.

RECUPERAÇíO

A pesquisa da Fecomércio PR mostra ainda que o empresaria­do está cauteloso com relação à retomada da economia brasileira. A recuperaçã­o é plausível para 45,9% dos entrevista­dos, mas não antes de dois ou três anos de decisões assertivas na esfera política. Para 26,6% a situação do País só deve melhorar a longo prazo (acima de cinco anos). Os mais esperanços­os, que acreditam em uma reviravolt­a positiva em menos de um ano, somam 12,7%. Ou- tra parcela (9,8%) acredita na retomada em médio prazo (três anos).

Rambalducc­i acredita que a percepção futura possa mudar com as eleições. “Todos os candidatos, seja de esquerda ou direita, reconhecem a necessidad­e de fazer ajustes fiscais e que a taxa de juros não deve sofrer impacto para cima. Com isso, o crédito deve ficar mais acessível,” disse.

A maioria dos empresário­s (58,1%) afirma que não fará novos investimen­tos. Dentre os que pretendem investir (26,9%), os pontos mais citados foram reforma e modernizaç­ão, capacitaçã­o da equipe e publicidad­e.

No semestre passado a preocupaçã­o com o aumento do custo estava em terceiro lugar. Agora, o empresário está mais preocupado com a descapital­ização do cliente”

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Shuttersto­ck Índice de confiança é maior entre empresário­s do setor de turismo: consumidor pode trocar viagens ao exterior por destinos nacionais e rodoviário­s
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