‘Carmen concertante’ encerra o 38º FIML
Montagem da ópera de Georges Bizet reúne 150 artistas no palco do Teatro Ouro Verde neste final de semana
Um grande espetáculo que reunirá 150 artistas no palco do Teatro Ouro Verde neste final de semana marca o encerramento da programação artística do 38º Festival Internacional de Música de Londrina (FIML). O ‘grand finale’ terá como atração a montagem de uma das óperas mais populares do planeta. Trata-se da ‘Ópera Concertante Carmen, de Georges Bizet - evento que será apresentado na sexta-feira (27) e no sábado (28), às 20 horas, e contará com a participação de uma orquestra de câmara formada por 40 músicos dos projetos sociais, coro adulto com mais de 80 integrantes e coro infantil com 16 cantores, além dos solistas Ariadne Oliveira (mezzo-soprano), Kalinka Damiani (soprano), Ricardo Castro (tenor) e Douglas Hahn (barítono).
O formato pocket traz uma versão mais enxuta com os principais momentos da ópera Carmen, sem perder o enredo. Em forma de concerto e com a dramaturgia induzindo mais o enredo do que encenando, a abertura será feita pela orquestra e ao longo do espetáculo os grupos, duetos e solos vão se apresentando. Além de instrumentistas e cantores, a montagem conta ainda com a participação especial da Cia Michel Cássin de Dança Flamenca. A direção musical é de cantora lírica Kalinka Damiani e a regência do conceituado maestro japonês, Daisuke Soga, professor do festival e que dá ao espetáculo um estilo pessoal, conhecido do público londrinense. A ópera conta estória da cigana Carmen, desprovida de moral, que seduzia com seus talentos os homens, entre eles o cabo do exército Don José. Ela o afasta da sua noiva Micaela, dando início a uma confusa e trágica trama de amor, finalizada com um as- sassinato. Com estrutura da ‘ópera-comique’, a música traz inovações, com variedades de tons e estilos. Essa variedade não é gratuita. ‘Carmen’ reflete uma visão complexa e profunda dos contrastes internos da própria vida.
Em seu artigo na Revista Será?, Frederico Toscano diz que alguns autores consideram Carmen como a primeira ópera feminista da história por seu caráter transgressor em um mundo governado por homens. “Não é à toa, que a obra foi alvo de severas críticas em sua estreia”, comentou Toscano. Realmente, em 1875, quando encenada pela primeira vez em Paris, Carmem chocou a plateia presente e foi um verdadeiro fracasso. O compositor Georges Bizet não sobreviveu tempo suficiente para ver logo depois sua ópera se transformar em uma das preferidas do público. Faleceu três meses depois da estreia. “Carmen é a segunda ópera mais famosa do mundo. Produzimos esse formato pocket para que o público londrinense comece a sentir aos poucos o prazer que é apreciar um espetáculo desde porte”, salienta Marco Antonio Almeida, diretor artístico do FIML.
“Carmen é uma das óperas mais populares e complexas que se tem notícia. É um belo espetáculo que encerrará esta edição do Festival Internacional de Música de Londrina de uma forma muito especial”, afirma maestro japonês Daisuke Soga. “Esta ópera tem árias dificílimas que exigem que os solistas estejam em plena forma vocal, caso contrário correm o risco de ter a voz ‘engolida’ pela orquestra que conta com muitos instrumentos”, destaca o tenor catarinense Ricardo Castro, que interpretará Don José na montagem londrinense. “Por conter músicas muito conhecidas do grande público, como ‘Habanera’ e ‘La Séguedille’, o público já vai para o teatro esperando um ótimo desempenho dos solistas desta ópera. É uma responsabilidade muito grande para os intérpretes”, enfatiza a mezzosoprano curitibana Ariadne Oliveira, que dará vida a Carmen. Na apresentação de sábado (28), o público será recepcionado com música logo que chegar à entrada do teatro, com um recital da classe de contrabaixos que acontece às 20 horas.