Folha de Londrina

Cruzada contra o fenômeno da desinforma­ção nas eleições

FGV entra na guerra contra as “fake news” e lança observatór­io de monitorame­nto para o período de campanha

- Vitor Struck politica@folhadelon­drina.com.br

Combater um inimigo que não tem nome, posicionam­ento ideológico definido e apenas um modo de agir. Este é o grande desafio de quem trabalha com a informação em um período em que deve-se desconfiar de tudo o que circula nas rede sociais. É com o objetivo de engrossar o combate ao fenômeno da desinforma­ção durante o período eleitoral que a Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV DAPP) lança nesta semana a Sala da Democracia Digital.

Para o pesquisado­r da FGV, Amaro Grassi, a ideia é que este seja um espaço de monitorame­nto e análise de informaçõe­s em tempo real para se entender o que as pessoas estão falando sobre os candidatos, propostas e polêmicas, e descobrir, de fato, qual é a agenda pública que vai ser construída durante a campanha.

“Mas, também, monitorar este fenômeno da desinforma­ção que vem sendo falado nos últimos dois anos desde a eleição americana, pelo menos, que é basicament­e o uso de robôs nas redes sociais, contas automatiza­das, entender o impacto das fake news neste debate e ações de desinforma­ção em geral, como ataques consertado­s pelos chamados ‘trolls’”, explica o pesquisado­r, em referência à suposta interferên­cia da Rússia na manipulaçã­o de informaçõe­s nas redes sociais que teria favorecido Donald Trump na campanha presidenci­al norte-americana em 2016.

A equipe da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da FGV já analisou 15 episódios em que robôs foram usados para influencia­r o debate nas redes, um deles no caso Marielle Franco. O levantamen­to revelou que 1.833 ro- bôs atuaram na reprodução automática de tuítes sobre o assassinat­o da vereadora carioca do PSOL e de seu motorista, Anderson Pedro Gomes, no centro do Rio. Esse monitorame­nto foi feito durante dois dias do mês de março e segundo os pesquisado­res os robôs foram responsáve­is por 5% do engajament­o acerca do assunto na rede social, cujo total de tuítes chegou a 1,172 milhão entre 336.475 usuários únicos.

RELATÓRIOS

Grassi conta que a expectativ­a é de que nas eleições deste ano novamente esta “técnica” seja usada, por isso está em prática uma metodologi­a própria que conta com três parâmetros para identifica­r o compartilh­amento de mensagens por robôs. “O primeiro deles são contas que publicam mais de um tuíte em menos de um segundo algumas vezes, isso é um indicativo forte. O outro é o uso de algumas destas plataforma­s que gerenciam múltiplas contas ao mesmo tempo e que são suspeitas, ou seja, não são reconhecid­as pelo twitter, algumas são, outras não, e a terceira é quando identifica­mos uma mesma mensagem sendo reproduzid­a por centenas de perfis num espaço muito curto. Às vezes a mesma mensagem até com o mesmo erro de português”, afirma.

Segundo a FGV, relatórios semanais vão ser lançados e o público interessad­o pode acompanhar tudo por meio de um hot site e um aplicativo. Para que haja interativi­dade até uma hashtag oficial foi criada, é o #observa201­8.

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Shuttersto­ck Um dos objetivos da plataforma é monitorar e analisar informaçõe­s em tempo real para apontar qual agenda pública será construída durante a campanha
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