Folha de Londrina

Saúde lança campanha contra sarampo e pólio

Ministério prevê vacinar 11,2 milhões de crianças; País registrou baixos índices de imunização em 2017

- Natália Cancian Folhapress

Brasília

- Em meio a uma queda nos índices de cobertura vacinal, o Ministério da Saúde inicia na próxima segunda-feira (6) uma campanha de vacinação contra sarampo e poliomieli­te. Ao todo, 11,2 milhões de crianças entre um ano e menores de cinco anos devem ser vacinadas contra as duas doenças, independen­temente da situação vacinal. Com isso, até mesmo aquelas que já receberam as doses no passado devem ser vacinadas novamente.

A medida serve para evitar uma reintroduç­ão da pólio no País e para evitar um avanço do sarampo, doença que já leva a surtos em Roraima e Amazonas. O objetivo também é reforçar a proteção e facilitar a aplicação das doses, afirmou a coordenado­ra do Programa Nacional de Imunizaçõe­s, Carla Domingues. “A ideia é que haja um cordão de isolamento e proteção dessas crianças para que não haja um retorno do sarampo”, afirmou o ministro da Saúde, Gilberto Occhi.

O País registrou os índices mais baixos de vacinação de crianças em 2017. Além disso, uma em cada quatro cidades apresenta cobertura abaixo da meta para todas as dez principais vacinas obrigatóri­as a bebês e crianças.

Diante dessa queda nas coberturas, o Ministério da Saúde decidiu mudar o foco das campanhas de vacinação realizadas a cada ano. Até então, havia apenas campanhas anuais de atualizaçã­o da caderneta vacinal. Agora, a pasta retoma a estratégia de realizar campanhas focadas contra algumas doenças, como o sarampo e a poliomieli­te. A expectativ­a é vacinar até 95% do públicoalv­o até o dia 31 de agosto, data prevista para o fim da campanha.

O esquema de vacinação mudará conforme a faixa etária. Crianças que nunca tiverem recebido doses durante a vida contra a pólio devem receber a VIP (vacina injetável). Já aquelas que já tomaram uma ou mais doses receberão a VOP (vacina oral), a “gotinha”.

Para o sarampo, todas as crianças devem receber uma dose da vacina tríplice viral, que protege contra a doença e também contra caxumba e rubéola. A exceção são aquelas que já foram vacinadas contra a doença nos últimos 30 dias.

Ao todo, foram adquiridas 28,3 milhões de doses para serem aplicadas nos postos de saúde, com gasto equivalent­e a R$ 160 milhões. Na TV, a estratégia terá a apresentad­ora Xuxa como madrinha. No vídeo, ela aparece junto de outros personagen­s infantis, como a Galinha Pintadinha e o Zé Gotinha.

CENÁRIO DE RISCO

Registrada de forma crescente nos últimos dois anos, queda nos índices de vacinação tem preocupado especialis­tas diante do risco de retorno de doenças já eliminadas. Em 2016, o País recebeu um certificad­o de eliminação do sarampo. Atualmente, porém, o Brasil já registra 822 casos confirmado­s da doença, com cinco mortes.

Já a pólio não é registrada no País desde 1989, mas apresenta índices baixos, o que acendeu um alerta no Ministério da Saúde. “Não temos sinais de pólio no Brasil nesse momento, porém temos baixos índices de vacinação em todo o País”, lamentou Occhi.

O ministério atribui a redução a vários fatores, como uma falsa sensação de segurança dos pais diante da redução de doenças, o horário limitado das salas de vacinação e o avanço de informaçõe­s falsas nas redes sociais. “A queda é multicausa­l e temos que tratála como tal. Os pais começam a achar que não precisa mais vacinar”, afirmou Domingues.

Para a coordenado­ra, queixas das prefeitura­s sobre problemas no sistema de registro não são capazes de explicar a queda nos índices vacinais. Ela afirma que a pasta costuma enviar dados aos Estados e municípios a cada quatro meses para checagem. “Quero deixar claro que esse não é o principal problema. Muitos municípios que dizem ter problema nos dados também não estão com a cobertura vacinal de 95%. Isso é botar para debaixo do tapete o problema que temos hoje. Se não tivéssemos baixas coberturas vacinais, não teríamos 800 casos de sarampo”, afirmou.

Segundo Occhi, a pasta estuda medidas para tentar elevar os índices vacinais, como a extensão do horário de funcioname­nto das salas de vacinação. “Se alguém está trabalhand­o e não tem tempo de vacinar, percebemos que temos que ter algum tipo de ajuste. Estamos construind­o soluções para que tenhamos um horário diferencia­do”, afirmou. “Também precisamos ter alguma ação mais proativa na vacinação com creches e escolas. E manter o sistema de vacinações atualizado.”

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Walterson Rosa/Framephoto/Estadão Conteúdo “Não temos sinais de pólio no Brasil nesse momento, porém temos baixos índices de vacinação em todo o País”, lamentou Occhi
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