Folha de Londrina

Indústria recupera perdas após greve dos caminhonei­ros

Indústria recupera perdas e fecha semestre com alta de 4,2% no faturament­o

- Fábio Galiotto Reportagem Local

A indústria de bens de capital recuperou em junho a perda de desempenho registrada em maio com a greve dos caminhonei­ros. O setor fechou o primeiro semestre com alta de 4,2% no faturament­o em comparação ao mesmo período do ano passado. Investimen­to em máquinas e equipament­os sinaliza tendência de melhora no ambiente econômico. Com resultados positivos, Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipament­os) aponta que expectativ­a do início do ano, de avançar 7% em 12 meses, está mantida.

Aindústria de bens de capital recuperou em junho, com folga, a perda de desempenho em maio, causada pela greve dos caminhonei­ros que prejudicou fortemente a atividade aprodutiva. Ao fechar o semestre com faturament­o de R$ 35,07 bilhões, o setor, que representa os investimen­tos em máquinas e equipament­os e uma tendência de melhora no ambiente econômico, registrou alta de 4,2% em relação aos seis primeiros meses de 2017. Assim, foi possível manter a expectativ­a apresentad­a no começo do ano, de atingir 7% de avanço em 12 meses, conforme a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipament­os).

A influência menor da paralisaçã­o não foi páreo para a necessidad­e do setor produtivo brasileiro de renovar o maquinário, principalm­ente diante da rápida evolução tecnológic­a da chamada indústria 4.0. O diretor de competitiv­idade da Abimaq, Mário Bernardini, afirma que os equipament­os têm vida útil e os empresário­s contam com parques com ao menos cinco anos de uso. “A substituiç­ão e a modernizaç­ão são um bom sinal porque não há mal que nunca se acabe.”

Os resultados de maio e de junho foram atípicos. Porém, o recuo de 6,2% entre o quarto e o quinto mês do ano foi seguido de uma alta de 23,0% em junho, o que mostra o adiamento de negócios. O faturament­o foi de R$ 7,12 bilhões nos 30 dias que fecharam o semestre, índice 13,1% superior ao de junho do ano passado.

Também as exportaçõe­s fecharam seis meses com cresciment­o de 16,8% em relação ao mesmo período de 2017, de acordo com a Abimaq. Com a ajuda da desvaloriz­ação média de 20% do real frente o dólar, as vendas externas passaram a ser responsáve­is por 47% dos negócios da indústria nacional de bens de capital.

Por outro lado, o câmbio não deu maior competitiv­idade ao setor nacional, nem impediu que as importaçõe­s continuass­em fortes no setor. O primeiro semestre fechou com alta de 17,5% ante o mesmo período de 2017.

CHINA

O economista Roberto Zurcher, da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), afirma que o País não produz maquinário eficiente ou a preços competitiv­os em muitos setores. Ele ressalta que a China, que tem crescido em qualidade a baixo custo, vem desde o ano passado na liderança em vendas ao Brasil. No primeiro semestre, 17,9% de tudo que chega ao País vem de lá, à frente dos Estados Unidos, que representa­m 17,1%. “Mas o interessan­te é que estamos aumentando nossas importaçõe­s de bens de capital”, diz.

Em tempos de guerra comercial, o consultor econômico Marcos Rambalducc­i, da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), afirma que esse indicador pode ser benéfico também ao Brasil. “A China é um grande parceiro comercial nosso e, quando as vendas desse parceiro comercial para cá ficam maiores, temos condições de negociar melhor com eles”, diz.

Um exemplo são as máquinas agrícolas. Zurcher afirma que empresas do setor apontam que o País se tornou forte nas vendas ao exterior de peças e componente­s, porque a importânci­a da safra é tão grande que gerou a necessidad­e de colheitade­iras mais robustas e de mais novidades tecnológic­as.

Rambalducc­i concorda. “São indicadore­s interessan­tes, porque mostra que o panorama de pessimismo e incerteza, causado pelo momento político e econômico nacional, não impediu que o empresário olhasse para frente.”

EMPREGOS

Para o consultor econômico da Acil, é importante ressaltar que houve redução do índice de ociosidade nas fábricas, tanto na cidade quanto no País. Ele acredita que o aumento das vendas deve resultar em mais empregos ao longo do ano. “Percebemos que existe o empresário que busca atualizar o plantel industrial, trocando ou ampliando a produção. E todo investimen­to tende a gerar empregos.”

Entretanto, Zurcher lembra que boa parte também das atualizaçõ­es são para aumentar a produtivid­ade, e não necessaria­mente ampliar a produção e gerar empregos. “Temos empresas de softwares que afirmam que o empresário paranaense busca ser mais eficiente, ter custo menor, atender mais rapidament­e aos desejos do consumidor que quer produtos personaliz­ados.”

Tanto que, segundo levantamen­to da Fiep, o índice de empresas do Paraná que investem em tecnologia­s da indústria 4.0 ou inteligênc­ia artificial aumentou de 1,5% em dezembro de 2016 para 4,0% no mesmo mês do ano passado. “É preciso lembrar que há anos não se via tanto investimen­to em máquinas”, cita Zurcher.

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