Folha de Londrina

Sem surpresas, Copom mantém Selic em 6,5% ao ano

Pela terceira vez seguida, o Comitê de Política Monetária do Banco Central não alterou a taxa Selic; juros básicos da economia seguem no menor nível desde 1986

- Reportagem Local

Brasília - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve nesta quarta-feira (1), por unanimidad­e, a taxa Selic em 6,5% ao ano. Com a decisão, a taxa básica dos juros segue no menor nível desde o início da série histórica do Banco Central, em 1986.

De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmen­te até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Em outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018. Em maio, o BC interrompe­u uma sequência de quedas da Selic e manteve a taxa em 6,5% ao ano, numa decisão que surpreende­u o mercado financeiro. Na ocasião, o BC alegou que a instabilid­ade internacio­nal, que se manifestou na valorizaçã­o do dólar nos últimos meses, influencio­u a decisão.

A Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) avalia como correta a decisão do BC em manter a taxa básica de juros inalterada em 6,5% ao ano, mas alerta para o impacto que a carga tributária, ainda elevada em comparação a outros países, afeta o poder de compra das famílias brasileira­s e a capacidade produtiva de diversos setores. A entidade chama a atenção para a necessidad­e da criação de outras formas de estímulo ao crédito, para aquecer a economia. “Juros elevados são um dos nós górdios da economia”, diz o presidente da Abit, Fernando Valente Pimentel, por meio de nota. “Precisamos romper o círculo vicioso que tem sido um dos causadores do baixo cresciment­o da economia nacional”, completa.

O presidente da Força Sindical também criticou a decisão do Copom. “É preciso que o governo adote medidas de estímulo ao cresciment­o econômico para criar novos postos de trabalho a fim de enfrentar a expectativ­a de desacelera­ção da economia, que vem caindo”, disse em nota o presidente interino da Força, Miguel Torres. Uma das medidas, segundo o sindicalis­ta, é a redução da taxa de juros.

A decisão do Copom não surpreende­u a indústria. De acordo com as estimativa­s da Confederaç­ão Nacional da Indústria (CNI), a Selic se manterá em 6,5% ao ano até o fim de 2018. A avaliação é que, embora a inflação continue dentro da meta de 4,5% estipulada para este ano, o aumento das incertezas com a aproximaçã­o das eleições e seus impactos na taxa de câmbio influencia­ram a decisão do Banco Central.

Para o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, uma redução dos juros neste momento seria importante para estimular o consumo das famílias e os investimen­tos das empresas e contribuir­ia para a recuperaçã­o mais robusta da economia. No entanto, pondera Andrade, a definição dos juros depende da evolução dos preços, da atividade e dos riscos para a economia. “A manutenção dos juros em níveis baixos, sem impactos na inflação, exige que o próximo governo aprofunde o ajuste fiscal”, diz o presidente da CNI. (com Agência Brasil)

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