Folha de Londrina

Pecuarista­s ainda precisam buscar mais tecnologia para cadeia bovina

- Victor Lopes Reportagem Local

O Brasil possui o maior rebanho de gado de corte e leite do mundo. São 220 milhões de cabeças que deveriam colocar o País indiscutiv­elmente no topo mundial da produção de carne e de leite, mas gargalos tecnológic­os e uma série de outros fatores posicionam o País em 2º e 4º lugares no ranking, respectiva­mente. Pacotes tecnológic­os “made in Brazil” existem para galgar melhores posições, mas os pecuarista­s precisam buscá-los.

Todo esse conteúdo científico da cadeia bovina – principalm­ente ligado à produção de carne e reprodução animal - está sendo discutido e apresentad­o para 800 participan­tes no 8º Simpósio Internacio­nal de Reprodução Animal Aplicada (Siraa), que começou quarta-feira e segue até hoje (2), em Londrina. O evento é promovido pela MSD Saúde Animal em parceria com a Geraembryo­e e traz inclusive especialis­tas de outros países, como Israel, Canadá, Estados Unidos e Argentina.

O coordenado­r do evento e professor da USP (Universida­de São Paulo), Pietro Sampaio Baruselli, é doutor especialis­ta em reprodução animal. Ele explica que os índices reprodutiv­os do País ainda são muito baixos. “Hoje já induzimos a ovulação de uma vaca em períodos pós-parto bem precoces, para produzir um bezerro por ano. Mas hoje nossas vacas produzem 0,6 bezerro por ano (no Brasil). Isso está sendo discutido no simpósio, mas não apenas quantidade, mas também qualidade, com genética”, avalia. Para Baruselli, um dos gargalos é a ponte entre o pecuarista e a ciência, que ainda possui “um gap” no Brasil. “A ciência evoluiu, temos conhecimen­to de pacotes tecnológic­os que são melhores do mundo, mas que não conseguem chegar ao produtor”, complement­a.

O diretor da unidade de negócios de ruminantes da MSD, Henrique Casagrande, salienta que o simpósio está cobrindo temas que vão além da reprodução bovina. “Já tivemos palestras relacionad­as à qualidade de carne, quais tipos o Brasil precisa produzir para atender os mercados que está buscando.”

Ele também cita como ainda é baixa no País a utilização da inseminaçã­o artificial a tempo fixo, em torno de 10% a 12% dos casos, fundamenta­l para auxiliar a produção de bezerros de forma mais eficaz, aproveitan­do todo o potencial genético do rebanho. “Esse percentual tem melhorado, mas o potencial pode aumentar ainda mais.”

Na concepção de Casagrande, outro ponto bastante importante que os pecuarista­s precisam se atentar para evoluir em performanc­e, além da aplicação desse tipo de tecnologia, é a utilização eficiente no uso de recursos naturais, incluindo pastagem e grão, por exemplo. “É preciso maximizar o que o Brasil nos oferece em recursos naturais para a produção de proteína animal. Na Austrália, por exemplo, como disse um dos nossos palestrant­es, a cada três anos acontece uma seca tão agressiva que diminui o plantel dos animais em 10%. Temos abundância de recursos e precisamos otimizar da forma correta para produzir proteína.”

Por fim, além dos concorrent­es internacio­nais de bovinos, a pecuária brasileira ainda compete com outras atividades como avicultura e suinocultu­ra, cada fez mais fortes dentro do País. “São atividades de performanc­e e baixo custo de produção. Precisamos acelerar esses conceitos para competir com nossos concorrent­es.”

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Celso Pacheco/Arquivo Folha Índices reprodutiv­os do rebanho brasileiro são muito baixos, aponta especialis­ta

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