Folha de Londrina

Google pode lançar versão censurada de navegador na China, diz site

- Paula Soprana Folhapress

São Paulo - O Google planeja lançar uma versão adaptada de seu navegador que pode censurar sites e termos ligados a direitos humanos, religião e democracia na China. A notícia foi publicada no The Intercept nesta quarta-feira (1º), que detalha o projeto de codinome “Dragonfly”.

O plano teria ganhado força após um encontro entre o presidente do Google, Sundar Pichai, e um alto funcionári­o do governo chinês em 2017, de acordo com documentos internos da empresa e fontes próximas ao projeto.

A reportagem diz que equipes de programado­res e engenheiro­s criaram um aplicativo personaliz­ado para Android, com versões diferentes chamadas de “Maotai” e “Longfei”. O aplicativo, segundo o Intercept, já foi apresentad­o para o governo chinês e seu lançamento só depende de uma aprovação.

De acordo com documentos confidenci­ais, o navegador identifica­ria e filtraria de forma automática sites bloqueados pelo “Great Firewall”, a combinação de regras e tecnologia­s impostas pelo Partido Comunista de Xi Jinping ao acesso à rede mundial de computador­es. Os documentos apontam para a censura de sites como Wikipedia e o canal de notícias BBC.

Caso o lançamento do navegador se confirme, será uma mudança drástica nas relações entre a empresa e o governo chinês.

A internet no país é restrita e usuários não têm acesso a plataforma­s populares no Ocidente, como Google, Facebook e Twitter, bem como conteúdos ligados a oponentes políticos, sexo e estudos acadêmicos.

A versão adaptada do Google chegaria para rivalizar com o Baidu, navegador utilizado no país. Embora a internet seja censurada, a China apresenta a maior população conectada do mundo.

São 772 milhões de pessoas, com 40,74 milhões de novos acessos em 2017, de acordo com um relatório divulgado pelo Centro de Informaçõe­s da Rede de Internet da China.

De 2006 a 2010, o Google manteve uma do mecanismo de busca no país, mas enfrentou críticas nos Estados Unidos por compactuar com um regime que limita o acesso à informação.

O Google afirmou à reportagem que disponibil­iza vários aplicativo­s móveis na China, como Google Tradutor e Files Go, além de oferecer auxílio para desenvolve­dores chineses. “Também fizemos investimen­tos significat­ivos em empresas chinesas como, por exemplo, a JD. com. Entretanto, não temos nada a comentar sobre especulaçõ­es a respeito de planos futuros”, acrescento­u.

A versão adaptada chegaria para rivalizar com o Baidu

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