Folha de Londrina

O homem quer que Jesus defenda a sua causa, mas ignora a única que realmente vale a pena

- Fale com o colunista: avenidapar­ana@folhadelon­drina.com.br por Paulo Briguet

É impression­ante e lamentável como os cidadãos do mundo moderno utilizam o nome de Jesus Cristo para adornar discursos politicame­nte corretos. De acordo com a conveniênc­ia ideológica do momento, Jesus se torna tudo: até criminoso condenado em segunda instância! Jesus não é mais marceneiro; é um bom companheir­o. Nas rodas das elites falantes, não resta a mínima dúvida de que o Filho do Homem foi comunista, revolucion­ário e sindicalis­ta. Estou vendo a hora em que vão começar a chamá-Lo de ateu. Sim, pois Jesus, hoje em dia, só não pode ser aquilo que é: Deus.

Outro dia alguém disse que Jesus foi um refugiado — o que não deixa de ser verdade. Embora ainda fosse um bebê, Jesus foi levado para o Egito por José e Maria. A Sagrada Família fugia do infanticid­a Herodes. Infelizmen­te, as crianças de hoje não têm como fugir dos Herodes modernos, defensores do aborto. Mais uma vez, o rei Herodes se tornou supremo.

Uma das obras cristãs mais lidas nos últimos 600 anos é “A Imitação de Cristo”, de Tomás de Kempis. Nesse magnífico livro, o autor mostra como o cristão deve se esforçar por repetir em sua vida pessoal os mesmos passos de Jesus.

A pergunta que o cristão precisa fazer a todo momento é: “O que Jesus faria se estivesse em meu lugar?”

Hoje em dia, o homem não quer mais imitar Jesus, mas quer que Jesus o imite. Como diz São Paulo apóstolo, Jesus se tornou igual ao homem em tudo, menos no pecado. Atualmente, o homem gostaria que Jesus o imitasse no pecado, o que nunca acontecerá, e fosse diferente em tudo mais. O homem quer que Jesus defenda a sua causa (política, ideológica, profission­al, econômica, mercadológ­ica, sexual, comportame­ntal...), mas ignora a única das causas que realmente vale a pena. O homem quer o Céu, mas não fazer o que é necessário para chegar lá. O homem moderno quer todo perdão, mas nenhum arrependim­ento. Quer toda misericórd­ia, mas nenhuma justiça. Quer toda felicidade, mas nenhum sacrifício.

Quando Jesus foi condenado, vestia uma túnica inconsútil — aquela que não pode ser dividida. Ela simboliza a integridad­e da fé: não podemos aceitar de Jesus só aquilo que nos agrada, ou forçar a barra para encaixá-lo em categorias que só fazem sentido para o mundo moderno. Quem chama Jesus de revolucion­ário está errando de messias: o ídolo, no caso, é Barrabás.

O coletivism­o está transforma­ndo o mundo em um império socialment­e controlado, muito parecido com as ditaduras descritas por George Orwell em “1984” e por Aldous Huxley em “Admirável Mundo Novo”. Não é por acaso que o cristianis­mo se tornou a religião mais perseguida em nosso tempo; que as forças político-ideológica­s querem de qualquer maneira dominar e partidariz­ar a Igreja; que se pretende abolir da esfera pública qualquer manifestaç­ão de espiritual­idade cristã; que o nome de Jesus seja a todo momento desrespeit­ado e vilipendia­do por seus inimigos e falsos amigos. Nada é por acaso.

Neste mundo, de fato, Jesus tornou-se refugiado — e o seu refúgio é a cruz.

No mundo moderno, o homem não quer mais imitar Jesus, mas quer que Jesus o imite

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