O homem quer que Jesus defenda a sua causa, mas ignora a única que realmente vale a pena
É impressionante e lamentável como os cidadãos do mundo moderno utilizam o nome de Jesus Cristo para adornar discursos politicamente corretos. De acordo com a conveniência ideológica do momento, Jesus se torna tudo: até criminoso condenado em segunda instância! Jesus não é mais marceneiro; é um bom companheiro. Nas rodas das elites falantes, não resta a mínima dúvida de que o Filho do Homem foi comunista, revolucionário e sindicalista. Estou vendo a hora em que vão começar a chamá-Lo de ateu. Sim, pois Jesus, hoje em dia, só não pode ser aquilo que é: Deus.
Outro dia alguém disse que Jesus foi um refugiado — o que não deixa de ser verdade. Embora ainda fosse um bebê, Jesus foi levado para o Egito por José e Maria. A Sagrada Família fugia do infanticida Herodes. Infelizmente, as crianças de hoje não têm como fugir dos Herodes modernos, defensores do aborto. Mais uma vez, o rei Herodes se tornou supremo.
Uma das obras cristãs mais lidas nos últimos 600 anos é “A Imitação de Cristo”, de Tomás de Kempis. Nesse magnífico livro, o autor mostra como o cristão deve se esforçar por repetir em sua vida pessoal os mesmos passos de Jesus.
A pergunta que o cristão precisa fazer a todo momento é: “O que Jesus faria se estivesse em meu lugar?”
Hoje em dia, o homem não quer mais imitar Jesus, mas quer que Jesus o imite. Como diz São Paulo apóstolo, Jesus se tornou igual ao homem em tudo, menos no pecado. Atualmente, o homem gostaria que Jesus o imitasse no pecado, o que nunca acontecerá, e fosse diferente em tudo mais. O homem quer que Jesus defenda a sua causa (política, ideológica, profissional, econômica, mercadológica, sexual, comportamental...), mas ignora a única das causas que realmente vale a pena. O homem quer o Céu, mas não fazer o que é necessário para chegar lá. O homem moderno quer todo perdão, mas nenhum arrependimento. Quer toda misericórdia, mas nenhuma justiça. Quer toda felicidade, mas nenhum sacrifício.
Quando Jesus foi condenado, vestia uma túnica inconsútil — aquela que não pode ser dividida. Ela simboliza a integridade da fé: não podemos aceitar de Jesus só aquilo que nos agrada, ou forçar a barra para encaixá-lo em categorias que só fazem sentido para o mundo moderno. Quem chama Jesus de revolucionário está errando de messias: o ídolo, no caso, é Barrabás.
O coletivismo está transformando o mundo em um império socialmente controlado, muito parecido com as ditaduras descritas por George Orwell em “1984” e por Aldous Huxley em “Admirável Mundo Novo”. Não é por acaso que o cristianismo se tornou a religião mais perseguida em nosso tempo; que as forças político-ideológicas querem de qualquer maneira dominar e partidarizar a Igreja; que se pretende abolir da esfera pública qualquer manifestação de espiritualidade cristã; que o nome de Jesus seja a todo momento desrespeitado e vilipendiado por seus inimigos e falsos amigos. Nada é por acaso.
Neste mundo, de fato, Jesus tornou-se refugiado — e o seu refúgio é a cruz.
No mundo moderno, o homem não quer mais imitar Jesus, mas quer que Jesus o imite