OPERAÇÃO ZR3 -
O vereador afastado Rony Alves prestou depoimento ontem na Comissão Processante instaurada na Câmara de Londrina para apurar suposto esquema de corrupção para alteração de zoneamento urbano.
ACP (Comissão Processante) instaurada na Câmara Municipal de Londrina interrogou o vereador afastado Rony Alves (PTB) na manhã deste domingo (5). O depoimento de Mario Takahashi (PV ) também estava agendado, mas ele não compareceu. Ambos são acusados de quebra de decoro parlamentar por suposto envolvimento em corrupção para alterar projeto de lei de zoneamento urbano no esque- ma desbaratado pelo MP (Ministério Público) no âmbito da Operação ZR3.
O interrogatório, com depoimento pessoal dos vereadores, é considerado a fase final da instrução do processo conduzido na Casa. Agora, Takahashi e Alves têm prazo de cinco dias úteis para encaminhar por escrito sua defesa à CP. Nos últimos dois meses, foram arroladas 23 testemunhas de defesa e acusação. Destas, apenas quatro não apareceram, sendo que duas delas - os empresários e também réus na ZR3, Brasil Filho e Cleuber Moraes Brito (ex-membro do Conselho Municipal da Cidade), - pediram dispensa.
A defesa de Takahashi utilizou de manobra jurídica na última semana ao alegar que o deputado federal João Arruda (MDB), arrolado como testemunha, ainda não havia sido ouvido. A Câmara alega que oportunizou o depoimento do político, ampliou prazos e até chegou a encaminhar perguntas por e-mail no dia 13 de julho, que também não foram respondidas.
Segundo o presidente da CP, José Roque Neto, a manobra jurídica da defesa de Takahashi seria uma “mal disfarçada tentativa de procrastinar os trabalhos da Comissão”. Na última sexta-feira (3), os advogados de Takahashi, Amarildo Firmino e Lucas Zanotti, renunciaram aos poderes de representar o vereador afastado. Já o advogado Anderson Mariano, que tem sido o principal interlocutor no Legislativo, também justificou compromissos agendados em Brasília para não comparecer. Para a CP, entretanto, a renúncia “não produz efeito em relação a intimação de Mario Takahashi marcada para o domingo, 5 de agosto.”
Roque Neto alega que a Comissão garantiu ampla defesa ao vereador afastado no curso da investigação. O vereador não teme que a falta do interrogatório de Takahashi seja contestada na Justiça e interfira na conclusão dos trabalhos.
‘TAPINHA NAS COSTAS’
Depois de mais de três horas de depoimento, Alves saiu sem falar com a imprensa. “Deixamos um bom tempo para que ele (Rony Alves) pudesse esclarecer os fatos. Dentro do aspecto questionado, as perguntas foram respondidas”, disse Roque Neto.
O presidente da CP disse que também foi questionado o ‘tapinha nas costas’ - parte do conteúdo das conversas reunidas pelo MP que é levado em conta pela promotoria como suposto pedido de vantagem de Rony Alves para uma das vítimas do esquema. “É uma forma de expressão que o vereador usou. Não transferiu para nós ali na fala que significaria um pedido de propina”, minimizou Roque Neto.
Alves e Takahashi estão afastados das funções por medida cautelar da 2ª Vara Criminal de Londrina desde janeiro deste ano. A CP trabalha com o dia 19 de agosto como prazo final para o vereador João Martins (PSL), relator da CP, entregar seu parecer, que pode indicar a cassação dos mandatos. A sessão de julgamento precisa ser agendada até dia 23 de agosto, quando encerra o prazo regimental de 90 dias.
PROTESTO
Membros do movimento “Por Amor à Londrina” estiveram presentes em frente a Câmara de Vereadores de Londrina com faixas e cartazes pedindo a cassação dos dois vereadores. Para Auber Silva Pereira, integrante do movimento, as provas que estão correndo no processo criminal são suficientes para incriminá-los. “Aqui é a esfera política. Nós exigimos a devolução do dinheiro desviado.”
Questionado pelos jornalistas sobre a influência de Alves e Takahashi, que ocuparam a presidência da Câmara, sobre os pares, Pereira disse acreditar que a cassação é ainda uma incógnita. “Há muito dinheiro envolvido na fúria imobiliária de Londrina, tudo é possível.”