Folha de Londrina

OPERAÇÃO ZR3 -

O vereador afastado Rony Alves prestou depoimento ontem na Comissão Processant­e instaurada na Câmara de Londrina para apurar suposto esquema de corrupção para alteração de zoneamento urbano.

- Guilherme Marconi Reportagem Local

ACP (Comissão Processant­e) instaurada na Câmara Municipal de Londrina interrogou o vereador afastado Rony Alves (PTB) na manhã deste domingo (5). O depoimento de Mario Takahashi (PV ) também estava agendado, mas ele não compareceu. Ambos são acusados de quebra de decoro parlamenta­r por suposto envolvimen­to em corrupção para alterar projeto de lei de zoneamento urbano no esque- ma desbaratad­o pelo MP (Ministério Público) no âmbito da Operação ZR3.

O interrogat­ório, com depoimento pessoal dos vereadores, é considerad­o a fase final da instrução do processo conduzido na Casa. Agora, Takahashi e Alves têm prazo de cinco dias úteis para encaminhar por escrito sua defesa à CP. Nos últimos dois meses, foram arroladas 23 testemunha­s de defesa e acusação. Destas, apenas quatro não apareceram, sendo que duas delas - os empresário­s e também réus na ZR3, Brasil Filho e Cleuber Moraes Brito (ex-membro do Conselho Municipal da Cidade), - pediram dispensa.

A defesa de Takahashi utilizou de manobra jurídica na última semana ao alegar que o deputado federal João Arruda (MDB), arrolado como testemunha, ainda não havia sido ouvido. A Câmara alega que oportunizo­u o depoimento do político, ampliou prazos e até chegou a encaminhar perguntas por e-mail no dia 13 de julho, que também não foram respondida­s.

Segundo o presidente da CP, José Roque Neto, a manobra jurídica da defesa de Takahashi seria uma “mal disfarçada tentativa de procrastin­ar os trabalhos da Comissão”. Na última sexta-feira (3), os advogados de Takahashi, Amarildo Firmino e Lucas Zanotti, renunciara­m aos poderes de representa­r o vereador afastado. Já o advogado Anderson Mariano, que tem sido o principal interlocut­or no Legislativ­o, também justificou compromiss­os agendados em Brasília para não comparecer. Para a CP, entretanto, a renúncia “não produz efeito em relação a intimação de Mario Takahashi marcada para o domingo, 5 de agosto.”

Roque Neto alega que a Comissão garantiu ampla defesa ao vereador afastado no curso da investigaç­ão. O vereador não teme que a falta do interrogat­ório de Takahashi seja contestada na Justiça e interfira na conclusão dos trabalhos.

‘TAPINHA NAS COSTAS’

Depois de mais de três horas de depoimento, Alves saiu sem falar com a imprensa. “Deixamos um bom tempo para que ele (Rony Alves) pudesse esclarecer os fatos. Dentro do aspecto questionad­o, as perguntas foram respondida­s”, disse Roque Neto.

O presidente da CP disse que também foi questionad­o o ‘tapinha nas costas’ - parte do conteúdo das conversas reunidas pelo MP que é levado em conta pela promotoria como suposto pedido de vantagem de Rony Alves para uma das vítimas do esquema. “É uma forma de expressão que o vereador usou. Não transferiu para nós ali na fala que significar­ia um pedido de propina”, minimizou Roque Neto.

Alves e Takahashi estão afastados das funções por medida cautelar da 2ª Vara Criminal de Londrina desde janeiro deste ano. A CP trabalha com o dia 19 de agosto como prazo final para o vereador João Martins (PSL), relator da CP, entregar seu parecer, que pode indicar a cassação dos mandatos. A sessão de julgamento precisa ser agendada até dia 23 de agosto, quando encerra o prazo regimental de 90 dias.

PROTESTO

Membros do movimento “Por Amor à Londrina” estiveram presentes em frente a Câmara de Vereadores de Londrina com faixas e cartazes pedindo a cassação dos dois vereadores. Para Auber Silva Pereira, integrante do movimento, as provas que estão correndo no processo criminal são suficiente­s para incriminá-los. “Aqui é a esfera política. Nós exigimos a devolução do dinheiro desviado.”

Questionad­o pelos jornalista­s sobre a influência de Alves e Takahashi, que ocuparam a presidênci­a da Câmara, sobre os pares, Pereira disse acreditar que a cassação é ainda uma incógnita. “Há muito dinheiro envolvido na fúria imobiliári­a de Londrina, tudo é possível.”

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Ricardo Chicarelli
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Ricardo Chicarelli Depoimento pessoal dos vereadores é considerad­o a fase final da instrução do processo

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