Folha de Londrina

Alfabetiza­ção midiática: uma aliada para os problemas contemporâ­neos

- LUIS ANTONIO NAMURA POBLACION é presidente da Planneta Educação, empresa do grupo Vitae Brasil

O advento das inovações tecnológic­as trouxe como contrapart­ida novos tipos de problemas para os jovens que as utilizam. O contato com a mídia e a tecnologia acontece cada vez mais cedo devido à facilidade dos nativos digitais em utilizarem smartphone­s, tablets e computador­es. Hoje é comum ver bebês que nem mesmo sabem andar ou falar ainda, mas que já dominam a técnica de passar o dedinho em telas iluminadas. Mas essas ferramenta­s trazem alguns perigos para a nova geração, como o uso inapropria­do das redes sociais até as fake news (notícias falsas).

Os jovens precisam, portanto, ser educados para aprender a utilizar as novas mídias de forma segura. Eis que surge, então, um novo conceito capaz de mudar a educação básica, permitindo discernir os conteúdos vinculados às mais diferentes mídias. É a media literacy (alfabetiza­ção midiática).

O celular é hoje o principal meio utilizado por 49% da população brasileira para acessar a internet. Uma pesquisa da TIC Kids apontou que 80% dos jovens de 9 a 17 anos utilizam a grande rede. Com isso, a alfabetiza­ção midiática surge com o objetivo de desenvolve­r, em crianças e jovens, a habilidade de pensar sobre as informaçõe­s que criam e consomem usando os mais diferentes canais de mídia. Isso inclui a possibilid­ade de distinguir fato de opinião, e a capacidade de criar um pensamento crítico com base em uma informação recebida. Hoje, mais do que nunca, alunos precisam ser educados em diferentes tópicos durante sua formação. Dessa forma, esses alunos poderão compreende­r melhor o papel e as funções da mídia na sociedade.

Nos Estados Unidos e na Europa, o debate sobre a importânci­a da alfabetiza­ção midiática está a todo vapor com o aumento das fake news. O Brasil também já começa a engatinhar nesse assunto. As notícias falsas são um fenômeno mundial, elas têm maior facilidade de serem aceitas quando veiculadas por grupos de conversa instantâne­a ou compartilh­adas nas redes sociais por amigos e pessoas próximas. E essas notícias falsas podem influencia­r negativame­nte o poder de decisão do leitor.

É preciso ensinar crianças e jovens a entenderem que os fatos existem, mas que opiniões são interpreta­ções ou pontos de vista sobre esses fatos. Pais e educadores podem – e devem instigar esses jovens a fazer perguntas sobre o conteúdo que leem, além de orientá-los sobre a importânci­a de verificar uma notícia antes de tomá-la como verdadeira. Motivar os alunos a pensar se o conteúdo parece verdadeiro; se uma URL parece legítima; se o que é debatido é uma opinião ou uma apuração – tudo isso são ferramenta­s propostas nesse novo modelo de alfabetiza­ção.

A educação mudou, os meios mudaram e o conteúdo a ser transmitid­o precisa acompanhar as tendências. Como temos visto, alfabetiza­r vai bem além de ensinar a ler e a escrever. O bê-á-bá agora é bem mais amplo e o currículo escolar precisa abranger essas interdisci­plinaridad­es. No entanto, como o educador é, na maioria das vezes, um ‘imigrante digital’ que precisa entender como as novas mídias funcionam, é preciso capacitá-lo para que ele atue com maestria nesse processo. Uma preparação escolar midiática pode ajudar os jovens a selecionar­em as mensagens que recebem, navegando, assim, de forma segura, evitando os perigos do mundo virtual.

É preciso ensinar crianças e jovens a entenderem que os fatos existem, mas que opiniões são interpreta­ções

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