Folha de Londrina

Família de advogada incentiva denúncias

Irmã de jovem que morreu em Guarapuava cria página nas redes sociais sobre relacionam­entos abusivos

- Lais Taine Reportagem Local

Afamília da advogada Tatiana Spintzer, 29, morta no dia 22 de julho, em Guarapuava (Centro), criou uma página nas redes sociais para alertar sobre violência contra a mulher. As contas ‘Todos por Tatiana Spitzner’, no Facebook e Instagram, são administra­das pela irmã da vítima, Luana Spitzner. Segundo a polícia, a advogada foi agredida pelo marido, o professor Luís Felipe Manvailer, 29, antes da queda do quarto andar do prédio onde moravam. Ele foi indiciado por feminicídi­o, mas nega as acusações.

“Toda essa exposição em redes sociais não é em vão. Dói? Dói. Mas além de lutar por justiça, mostrar nossa força e indignação, queremos alertar sobre relacionam­entos abusivos, como também ajudar mulheres que sofrem violência, seja física ou psicológic­a”, segundo trecho de uma das postagens na página que, até este domingo (5), passava dos 83 mil seguidores no Instagram e atingia os 28 mil no Facebook.

As publicaçõe­s alertam sobre relacionam­entos abusivos com informaçõe­s para que outras vítimas identifiqu­em quando estão passando pela situação de violência e denunciem. A conta também impulsiona as frases: #NenhumaaMe­nos, #Justiçapar­aTatiane, #Justiçapar­aTodas #TodosporTa­tiane.

Luana Spitzner também incluiu fotos da advogada e compartilh­ou mensagens de apoio, pedindo por justiça à irmã e a todas as mulheres vítimas de violência. “Precisamos ter voz, denunciar, perder a vergonha e o medo. Diariament­e recebemos relatos absurdos de mulheres que vivem essa triste realidade”, defende em uma das publicaçõe­s. Nos comentário­s, manifestaç­ões de apoio à família, relatos de experiênci­as e alertas sobre sinais de abuso.

O professor foi preso no dia 22 de julho, depois de se envolver em um acidente em São Miguel do Iguaçu (oeste), distante 320 km de Guarapuava. Segundo a polícia, ele estaria seguindo em direção a Foz do Iguaçu, região de fronteira com o Paraguai e a Argentina.

Em depoimento à polícia, o suspeito negou que tenha empurrado a mulher da sacada do apartament­o. Disse que ela se jogou da janela durante uma discussão entre o casal.

A defesa da família da vítima anexou ao inquérito trocas de mensagens entre Tatiane e uma amiga. Nelas, a advogada dizia que o marido tinha “ódio mortal” dela e que só faltava coragem para enfrentar o divórcio.

IMAGENS

Imagens das câmeras de segurança do edifício, obtidas pela polícia, mostram os momentos que antecedera­m a morte da advogada, na madrugada de 22 de julho. De acordo com os vídeos, o casal chega discutindo ao local e Tatiane é várias vezes agredida pelo marido. As câmeras também registrara­m o momento em que ela cai da sacada e quando o marido a carrega de volta no elevador. As imagens mostram ainda que ele retorna para limpar os vestígios de sangue. Pouco depois das 3h, a polícia chega ao local, mas Manvailer sai pela garagem.

Segundo o delegado Bruno Miranda Maciozek, responsáve­l pelo caso, há indicativo­s de que Spitzner foi esganada pelo marido. “O laudo apontou evidências claras da ocorrência desses crimes, entre elas marcas evidentes no pescoço da vítima”, disse.

(Com Folhapress)

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