Venezuela prende 6 por ‘atentado’
Nicolás Maduro saiu ileso, mas sete soldados ficaram feridos e foram hospitalizados
São Paulo - O governo da Venezuela anunciou neste domingo (5) ter detido seis pessoas pelo suposto atentado de sábado (4) contra o ditador Nicolás Maduro. Um grupo desconhecido autointitulado “Movimento Nacional de Soldados de Camiseta” assumiu responsabilidade pelo incidente, que ocorreu quando Maduro fazia um discurso em evento comemorativo aos 81 anos da Guarda Nacional, em Caracas. Sete soldados ficaram feridos e foram hospitalizados. Maduro saiu ileso. A oposição alertou para uma possível onda de repressão depois que o venezuelano acusou opositores de tentar assassiná-lo.
Um dos seis suspeitos detidos tinha um pedido de detenção por um ataque em 2016 contra uma base militar. Outro havia sido detido em 2014 por participar de protestos anti-Maduro, afirmou o ministro do Interior, Nestor Reverol.
Testemunhas que estavam na área no momento do incidente disseram ter ouvido e sentido duas explosões, então viram um drone cair e atingir um prédio. “Ouvi a primeira explosão, foi tão forte que os prédios balançaram”, afirmou a professora Mairum Gonzalez, 45 “Fui para a sacada e vi um pequeno avião. Ele atingiu um prédio e começou a sair fumaça.” Outra testemunha, que mora no prédio atingido, descreveu uma sequência semelhante de eventos. No sábado (4), bombeiros haviam ligado a explosão a um tanque de gás no edifício.
Um grupo desconhecido autointitulado Movimento Nacional dos Soldados com Camisetas, que assumiu responsabilidade pelo incidente, soltou uma nota desejando uma rápida recuperação para os sete soldados feridos, mas prometendo resistência. Eles chamaram o incidente de “Operação Fênix”.
“A operação era sobrevoar dois drones carregados com [explosivo] C4 com direção ao palco presidencial. Francoatiradores da guarda de honra derrubaram os drones antes de chegarem ao alvo. Demonstramos que são vulneráveis. Não conseguimos, mas é questão de tempo”, disse o movimento, em nota. Eles acusam o governo Maduro de “desconhecer o conteúdo da Constituição”, motivo pelo qual o grupo “decidiu empreender uma luta para restabelecer sua efetiva vigência”.
Freddy Bernal, aliado de Maduro, publicou em uma rede social fotos de sete pessoas na faixa dos 20 anos, instando os venezuelanos a buscar “esses traidores”. O procuradorgeral, Tarek William Saab, afirmou que o alvo da tentativa de assassinato não era apenas Maduro, mas todo o alto comando militar presente no palco com o ditador. “Estamos no meio de uma guerra civil na Venezuela”, disse.
Oposicionistas afirmam que o governo usou incidentes do tipo no passado como um pretexto para ações contra seus críticos, inclusive detendo alguns deles.
“Alertamos que o governo está tomando vantagem desse incidente para criminalizar aqueles que de maneira legítima e democrática se opõe a ele e para aprofundar a repressão e as violações sistemáticas dos direitos humanos”, afirmou a coalizão opositora Frente Ampla, em nota publicada nas redes sociais.
Oposicionistas acusaram ainda Maduro de fabricar ou exagerar incidentes de segurança para distrair a população da crise de desabastecimento no país e da hiperinflação.