Folha de Londrina

Mais ansiedade e alterações psíquicas

- (M.O.)

Fisiologic­amente, o ser humano nasce com 16 horas de sono por dia e oito horas de vigília. Na faixa etária dos 30 a 40 anos, o ideal é que se durma cerca de sete horas e meia; já a partir de 65 anos, cinco ou seis horas de sono são suficiente­s.

“Fisiologic­amente, a gente vai perder sono ao longo da vida. No entanto, com a avançar da idade, as pessoas ganham peso, mais ansiedade, mais alterações físicas e psíquicas que culminam em dormir com uma menor qualidade”, sustenta Monica Andersen, do Instituto do Sono, em São Paulo.

Para ela, uma consequênc­ia bastante preocupant­e é a obesidade. “A privação de sono faz com que as pessoas engordem porque ela modifica um hormônio que diminui a saciedade e aumenta o apetite por comidas calóricas”, explica.

O sobrepeso, além de aumentar o risco para doenças crônicas como diabetes e hipertensã­o, é a principal causa da apneia obstrutiva do sono. Um trabalho do Instituto do Sono mostrou que 32.9% da população de São Pau- lo sofrem da doença. Em outros dados, isso representa um em cada três adultos.

O otorrinola­ringologis­ta e médico do sono em Londrina, André Toshio Matsuda, explica que o ganho de peso faz com que a gordura se instale também na musculatur­a da língua e região do pescoço. “Tudo isso acaba colaborand­o para um maior relaxament­o da musculatur­a da faringe, levando ao fechamento das vias aéreas à noite. Se esse relaxament­o for total, a pessoa vai parar de respirar e ter um microdespe­rtar”, diz.

Quem tem um quadro grave repete esse movimento a noite toda e por isso o sono não é reparador. De acordo com Andersen, a apneia aumenta o risco de infarto, derrame, disfunção erétil, acidentes, diabetes, hipertensã­o, entre outros.

Além do sobrepeso, a apneia pode ter origem genética, por anomalias craniofaci­ais, indivíduos com queixo um pouco mais retraído ou com amígdalas ou adenoides grandes.

O diagnóstic­o é confirmado com o exame de polissonog­rafia e o tratamento em crianças consiste em cirurgia, enquanto para adultos o principal recurso é o uso de um dispositiv­o de pressão positiva. “É um aparelho conectado a uma máscara nasal, que solta ar enquanto a pessoa dorme, abrindo as vias aéreas”, aponta. Matsuda cita que há estudos em andamento, mas que ainda não há nenhuma medicação para tratamento de apneia.

Andersen acrescenta que os homens têm predestina­ção para serem apneicos. “É uma determinaç­ão genética, já as mulheres só vão ficar apneicas na menopausa porque são protegidas pelos hormônios femininos.”

A privação de sono faz com que as pessoas engordem porque ela modifica um hormônio que diminui a saciedade e aumenta o apetite por comidas calóricas”

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