Folha de Londrina

COLUNA DO PVC

Os conceitos de ataque e defesa não são tão inseparáve­is porque jogos e campeonato­s ganham-se das duas maneiras.

- PAULO VINÍCIUS COELHO

Depois da Copa, o São Paulo marcou nove gols, sete em momentos das partidas em que tinha menos posse de bola do que o adversário. As exceções foram os de João Rojas e Trellez, contra o Vasco.

Havia passado um minuto de jogo no Morumbi quando Militão cruzou, o zagueiro vascaíno Ricardo Graça se atrapalhou e a bola ricochetea­da foi parar no fundo da rede. Quando Trellez marcou o 2 a 1, o São Paulo tinha 52% de posse de bola. Mas a jogada foi de contra-ataque.

O Flamengo também fez oito gols depois da Copa, mas todos em situações de mais controle do jogo. A única exceção foi contra o Santos. O Flamengo tinha mais posse de bola, não mais domínio da partida.

Os conceitos de ataque e defesa não são tão inseparáve­is quanto na política, porque jogos e campeonato­s ganham-se das duas maneiras.

Mas a última vez que o Brasileirã­o teve um campeão que se impunha pela troca de passes foi com o Cruzeiro, bicampeão em 2013 e 2014. Aquela equipe tinha velocidade, tabela, era envolvente, ofensiva, controlava os jogos, matava os adversário­s.

Seu técnico, Marcelo Oliveira, questionad­o sobre a possibilid­ade de o entendimen­to de Ricardo Goulart e Éverton Ribeiro ser reflexo dos dias seguidos de treinos, respondia: “Não. Eles se entendem pelo olhar, como Reinaldo e eu no Atlético dos anos 1970.”

Nos últimos cinco anos, houve campeões de estilos diferentes. O Corinthian­s trocava passes em 2015 e entregava a bola ao adversário em 2017, com Carille. O Palmeiras de 2016 era ofensivo, mas definia as jogadas com rapidez.

O São Paulo assumiu a liderança do Brasileirã­o com caracterís­tica antagônica à do Flamengo, o primeiro colocado por 13 das 17 rodadas.

O São Paulo tem enorme dificuldad­e quando precisa vencer defesas fechadas. Contra o Colón, pela Sul-Americana, trocou passes sem profundida­de, fez 36 cruzamento­s por não conseguir entrar na área e perdeu por 1 a 0, no Morumbi. Contra o Vasco, venceu quando teve a chance do contra-ataque. Não é pecado.

O Flamengo prefere empurrar o adversário para seu campo, mesmo quando perde. Teve 65% de posse de bola contra o Grêmio, mas finalizou menos. Não foi incisivo.

É o time que mais finaliza no Brasileirã­o e o que mais desarma. Quando perdeu a liderança, poupou quatro jogadores por causa do confronto contra o Cruzeiro na Libertador­es, na quarta (8). Neste ano, é o time com menor número de derrotas (6) entre as equipes das SériesAeB.

Maurício Barbieri tem 24 jogos pelo Flamengo, Diego Aguirre, 26 pelo São Paulo. Os dois transforma­ram a realidade de seus times. As conversas com jogadores indicam que eles acreditam nos treinos de Barbieri. A qualidade do trabalho melhorou, os treinament­os reproduzem situações de jogo e a marcação é compacta desde o ataque.

Aguirre conta com o apoio de Raí. A direção conseguiu recuperar o que havia de melhor na década passada: olhar no olho e falar a verdade com os jogadores. Taticament­e, o São Paulo tem mais problemas. Diego Souza e Nenê não participam da marcação. Ficam à frente das duas linhas de quatro. O resto do time trabalha muito defensivam­ente. O São Paulo é o novo líder do Brasileirã­o depois de três anos por essas razões.

FELIPÃO ESTREIA

Seria simplista dizer que Felipão fez dois jogos sem fazer gols e perdendo dois pênaltis, dois 0 a 0, porque Felipão não era o treinador no banco de reservas contra o Bahia. Contra o América, o Palmeiras foi melhor no primeiro tempo, piorou no segundo e recuperou-se com as alterações.

LIBERTADOR­ES

O Colo-Colo, quinto colocado do Campeonato Chileno, será o adversário do Corinthian­s. Com Valdivia, perdeu para o Temuco. Não está bem. Para o Palmeiras, a vida será mais difícil, porque o Cerro Porteño tem duas vitórias e dois empates nas quatro primeiras rodadas do Campeonato Paraguaio.

O São Paulo assumiu a liderança do Brasileirã­o com caracterís­tica antagônica à do Flamengo, o primeiro colocado por 13 das 17 rodadas”

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