Folha de Londrina

ABRAHAM SHAPIRO

Maior parte dos problemas das empresas deve-se mais à incompetên­cia dos gestores do que a razões externas.

- ABRAHAM SHAPIRO Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes em Londrina

Em 2011, o então primeiro ministro do Japão, Naoto Kan, renunciou ao mais importante cargo daquele país. Sua declaração me impression­ou. Ele veio a público, e disse: “Percebi a minha incapacida­de”.

Uau! “Percebi a minha incapacida­de”?

É assustador ouvir isso da boca de um político.

Era fato que seu governo não conseguiu evitar a crise na usina nuclear de Fukushima como consequênc­ia do terremoto que a atingiu. Mas foi um terremoto, um fenômeno natural! Em qualquer outro canto do planeta o governo apenas se declararia chocado, choraria com o povo e tudo bem.

Não é nem um pouco comum alguém à cabeça de uma potência econômica mundial dizer: “Eu percebi a minha incapacida­de”. Mas Naoto Kan foi coerente em relação aos fatos e à ausência das soluções que estavam no centro das expectativ­as de seu povo. Por isso, renunciou e assumiu suas limitações.

Há mais ou menos um mês, eu vi o gestor de vendas de uma empresa ser demitido porque não atingia as metas estabeleci­das pela diretoria para sua equipe há mais de um ano. Encontrei-o esta semana e ele se sente injustiçad­o. Acha que não merecia ser mandado embora. Eu aprendo uma enorme lição destes dois eventos. A maior parte dos problemas mais atuais das empresas – baixo nível das vendas, perda da fatia de mercado, alta rotativida­de de funcionári­os e outros – deve-se mais à incompetên­cia e à incoerênci­a dos gestores do que a razões externas. O mesmo se passa nos governos de todas esferas e poderes. Eles mesmos, contudo, nunca se responsabi­lizam.

“Percebi a minha incapacida­de” é um exemplo de nobreza e decência que lamentavel­mente está reservado a pessoas consciente­s de seu papel e de seus resultados e não a gente presunçosa e arrogante.

A maior parte dos problemas mais atuais das empresas – baixo nível das vendas, perda da fatia de mercado, alta rotativida­de de funcionári­os e outros – deve-se mais à incompetên­cia e à incoerênci­a dos gestores do que a razões externas”

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