Base deixada de lado
Não bastasse o desempenho ruim até aqui na Série B, a campanha do Londrina em 2018 tem um outro ponto negativo em relação aos dois últimos anos do clube no Campeonato Brasileiro. O LEC tem usado cada vez menos jogadores revelados na sua base, indo na contramão da própria filosofia da gestora do futebol, que tem como grande fonte de renda a negociação de atletas.
Levantamento da FOLHA mostra que despencou a utilização de jovens jogadores no elenco profissional nesta temporada, mesmo levando em conta que a Série B ainda está na metade. Em 2016, 14 jogadores revelados no clube estiveram relacionados em pelo menos um dos 38 jogos. Destes, 10 entraram em campo. Em 2017, 16 foram relacionados e 11 participaram dos jogos.
Já este ano, 10 foram convocados, mas apenas quatro jogaram. Entre eles estão Silvio e Lucas Ramon, revelados na base alviceleste, mas que não são mais considerados revelações, em razão de já terem 30 e 24 anos, respectivamente. Da nova geração, somente o atacante Wellisson e o meia Anderson Oliveira estiveram em campo uma única vez nesta Série B.
Além do número de pratas da casa ter sido maior nos dois últimos anos, as jovens revelações realmente tiveram espaço no time. Em 2016, por exemplo, o zagueiro Matheus esteve em campo 26 vezes, o volante Anderson Leite, 16, e o zagueiro Marcondes, 11. No ano passado, destaque para o goleiro César, titular em 36 partidas, para o meia Marcinho, que jogou 24 vezes, e o volante Rômulo, que participou de 23 jogos.
Se a base perdeu espaço no profissional não é por falta de bons resultados. O time sub-19 fechou a primeira fase do Campeonato Paranaense com a melhor campanha com 13 vitórias e 100% de aproveitamento. Na Copa São Paulo deste ano, o LEC ficou entre os 16 melhores da competição.
“O planejamento para o Estadual era usar os meninos com dois ou três mais experientes e depois aproveitar os destaques na Série B. Mas, houve mudanças de planos no início do ano”, afirmou o executivo de futebol do LEC, Ocimar Bolicenho, que retornou ao clube nesta temporada apenas para a Série B.
A maior prova de que o clube virou as costas para as categorias de base é que o meia Anderson Oliveira, grande destaque do time na Copa SP, pediu para voltar a jogar no sub-19 por ter pouco espaço entre os profissionais. Mudanças de técnicos Não há dúvidas de que a constante troca de treinadores no ano - o LEC vai para o seu quarto técnico na temporada – também contribuiu em muito para a pouca utilização dos jovens, diferente do período de quase sete anos de Claudio Tencati à frente da equipe. “Ter três treinadores em nove meses foi trágico para o clube. Caímos na vala comum do futebol brasileiro. E para quem chega fica difícil observar todos em pouco tempo”, reconheceu Bolicenho.
Em 2018, o Londrina contratou 30 jogadores e o elenco atual tem 36 atletas. Sérgio Soares ficou menos de 40 dias no comando do alviceleste e admitiu que não conseguiu olhar com mais atenção para as categorias menores.
“Eu não tenho problema nenhum em colocar jovens para jogar, até gosto. Mas, é preciso ter um tempo para trabalhar e observar. E quando você está em um campeonato buscando fugir de uma situação a pressão é maior e o menino pode sentir. Tem que se achar o momento ideal para lançá-lo”, afirmou o treinador, que foi demitido no sábado (4).