Folha de Londrina

PROTEÇÃO -

Equipes de imunização vão visitar CMEIS com maior número de alunos; meta é atingir 25 mil crianças

- Isabela Fleischman­n Reportagem Local

Cerca de 400 alunos do centro de edução infantil Valéria Veronesi foram imunizados contra sarampo e poliomieli­te no primeiro dia da campanha nacional. Equipes deverão percorrer outras creches de Londrina com o objetivo de aumentar a cobertura vacinal. Crianças entre 1 e 5 anos incompleto­s devem receber as doses.

Cerca de 400 alunos do CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) Valéria Veronesi receberam nesta segunda-feira (6) vacinas contra sarampo e poliomieli­te, com o início da campanha nacional de vacinação, que segue até o dia 31. Crianças, que são o público-alvo da campanha, serão vacinadas nas escolas, por meio de uma parceria da Secretaria de Saúde de Londrina com a Secretaria Municipal de Educação.

Todas crianças entre 1 e 5 anos incompleto­s devem participar da campanha, independen­temente da situação vacinal, ou seja, as que já receberam a vacinação devem reforçá-la com uma dose extra. Amanda Rechi levou seu filho Heron, de quatro anos, para tomar as vacinas no CMEI. “Ele é corajoso, dessa vez não teve nem ‘ai ai ai’”, brincou.

Nos próximos dias, os profission­ais da saúde irão visitar outras dez CMEIs do município, mas somente as que têm um número relevante de alunos, conforme explica o secretário municipal de saúde, Felippe Machado. Ele argumenta que a opção pelas CMEIs com mais crianças deve-se ao custo para levar os profission­ais de saúde até as escolas e à logística necessária para o transporte da vacina.

A estratégia visa aumentar a cobertura vacinal, como explica o secretário. “Mais da metade dessas 25 mil crianças estão nas escolas que serão visitadas. Por isso esperamos atingir um grande número”, diz ele referindo-se à meta de vacinação. Além das escolas, as doses estão disponívei­s em todas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) do município. Em Tamarana (Região Metropolit­ana), as doses também estão disponívei­s nas UBSs. Lá, a Secretaria de Saúde pretende vacinar mais de 800 crianças.

Não podem participar da campanha apenas as crianças imunodepri­midas, como pacientes oncológico­s, e as que fazem tratamento de leucemia. A cobertura vacinal para sarampo em Londrina está em torno de 77%, de acordo com Machado. Índice bem inferior aos 95% preconizad­os pelo Ministério da Saúde, a fim de erradicar a doença. O Brasil já foi declarado um país livre do sarampo em 2016, quando a cobertura atingiu a porcentage­m recomendad­a.

Números referentes ao mês passado mostraram 3.367 casos de sarampo no País – 317 confirmado­s, 146 descartado­s e 2.904 em investigaç­ão. O Paraná não teve registros da doença, mas a confirmaçã­o de um caso em Campinas (SP) gerou alerta por parte da Sesa (Secretaria da Saúde do Estado do Paraná) com a possibilid­ade de atingir também o Paraná. “Para chegar aqui, infelizmen­te é questão de tempo”, afirmou Machado. Também no Rio Grande do Sul foram constatada­s sete pessoas com a doença, quatro no Mato Grosso, duas no Rio de Janeiro, 200 em Roraima e 263 no Amazonas.

O sarampo já foi uma das principais causas de morte no Brasil. A única maneira de se prevenir dessa grave doença infecciosa e contagiosa é pela vacina. Fora a campanha, as doses contra o sarampo são distribuíd­as gratuitame­nte em todas as UBS. Os adultos com até 29 anos que não tomaram durante a infância precisam de duas doses da tríplice viral. Os que têm entre 30 e 49 anos deve tomar apenas uma.

Já as pessoas acima de 50 anos não precisam das doses porque o Ministério da Saúde entende que elas tiveram con- tato com o vírus durante a vida. Gestantes, bebês com menos de seis meses e pessoas com suspeita de sarampo não devem tomar a vacina. Quem já teve a doença também não necessita da imunização. As pessoas que não têm ciência da situação vacinal são orientadas a procurar as UBSs para tomar as doses previstas.

Embora a orientação do Ministério da Saúde seja para crianças, Machado explica que os adultos “podem buscar uma unidade de saúde de forma tranquila, sem correria, porque os profission­ais estarão aptos a aplicar”. Mas, de acordo com o secretário, a ideia é que neste momento as crianças sejam priorizada­s para que o município consiga atingir a meta.

A vacina contra o sarampo é feita pela tríplice viral, que também protege contra caxumba e rubéola. Esse esquema no Paraná teve, no ano passado, 77,58% de cobertura, de acordo com dados da Sesa. O esquema vacinal do sarampo se dá por uma dose aos 12 meses, com um reforço aos 15. Depois, aplica-se a tetraviral, que inclui a imunização contra varicela. Para essa vacina, o Paraná teve 75,09% de adesão. Já para poliomieli­te, a abrangênci­a estadual é de 72,98%.

POLIO

A chamada “vacina da gotinha” também contempla a campanha nacional. Londrina é uma das cidades com menor cobertura vacinal de poliomieli­te. A baixa adesão possibilit­a o retorno da circulação do vírus, embora o País não tenha casos de polio desde 1989.

O esquema da vacina para poliomieli­te é composto por três doses aplicadas aos dois, quatro e seis meses, com dois reforços: um aos 15 meses e outro aos quatro anos de idade.

“A conscienti­zação dos responsáve­is é de extrema importânci­a nesse processo. As crianças não vão sozinhas até uma unidade de saúde. Mes- mo essas ações descentral­izadas precisam do consenso dos pais”, acrescenta o secretário. A ação é a nível nacional devido à baixa adesão às vacinas em todo o Brasil, conforme pontua a Secretaria de Saúde. “É uma irresponsa­bilidade dos pais não levarem seus filhos para vacinar”, lamenta Machado.

“Em todo o calendário de rotina [das vacinas] a gente observa uma queda. Isso muito motivado pelas notícias falsas que dizem que vacinar não é seguro, que causa doenças. Esses mitos precisam ser desconstru­ídos”, opina.

Londrina foi colocada entre as 300 cidades do País com a menor cobertura de polio, segundo o secretário. “Isso também nos preocupa muito”, expõe Machado.

No penúltimo sábado do mês (18), será realizado o “Dia D” da campanha. Todas as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) da zona urbana estarão abertas para os pais que não conseguira­m levar seus filhos à vacinação durante a semana.

Londrina está entre as 300 cidades do País com a menor cobertura de polio

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Marcos Zanutto Amanda Rechi levou o filho Heron, de quatro anos, para tomar as vacinas no CMEI

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